Segundo
a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO, 2012), resumidamente as
atribuições da Psicologia do Trabalho, refere-se a recrutamento, seleção,
orientação, aconselhamento, e treinamento profissional. Segundo pesquisa
realizada com psicólogos do Brasil a POT, é a segunda área com mais inserção de
psicólogos com 30%, perdendo apenas para clinica, com 34%.)
A
Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), aborda a relação entre o homem e
o mundo do trabalho, sendo o campo de atuação voltado para entender o papel do
trabalho na vida das pessoas. O tema central da POT é a preocupação com o
trabalho em agrupamento de pessoas, em organizações, que está dividida em três
áreas: o trabalho, a organização e o problema da gestão pessoal.
O
trabalho faz parte da vida do individuo, pois desde a educação as pessoas
passam se preparando para o trabalho, assim como o trabalho é um meio de sobrevivência,
realização, adoecimento e construção da identidade. Organização (estrutura),
para que ocorra trabalho é necessário, que exista um lugar para que sejam
desenvolvidas as atividades profissionais. O problema da gestão de pessoas é na
relação do trabalho com o individuo, que surge a necessidade de criar e
aprimorar técnicas, estratégias e praticas que sejam aplicadas no contexto das
organizações.
Sampaio
(1998, p.21) as três faces da Psicologia do Trabalho, corresponde a as três
momentos da historia desta psicologia no Brasil, sendo a primeira chamada de
Psicologia Industrial, que resumidamente trata-se da seleção e colocação
profissional. A segunda é a Psicologia Organizacional foi uma ampliação do
objeto de estudo, assim como desenvolveu estudos de aprimoramento dos
treinamentos e dos Recursos Humanos, sendo que está psicologia tinha caráter
instrumental, o qual valorizava as teorias comportamentais. A terceira face é foi a reposição da
Psicologia do Trabalho, como área que buscou levar a compreensão mais próxima
do homem que trabalha.
A
antiguidade Clássica e o Período Medieval tiveram um baixo desenvolvimento
quanto aos modos de produção do trabalho, em comparação com a modernidade. Isso
se deve ao fato de que durante os dados primeiros períodos citados, o trabalho
não era bem visto. Na antiguidade, a desigualdade entre os homens, eram
pautadas sobre o pré-destinação, só trabalhavam aqueles que não nasciam para
pensar (artesão e escravos). Já no período medieval, o trabalho era visto como
um castigo divino (pecado), e a desigualdade se davam por Leis Divinas.
Com
a ascensão do capitalismo e a modernização dos meios de produção, em meados do
século XV, na Europa, ocorra uma luta por parte da burguesia que buscava a
liberdade comercial, direito lucro dentre outras características que
melhorariam o processo de troca, os ideias burgueses deste eram, nesta época,
liberdade, igualdade e fraternidade. Com a queda do feudalismo e ascensão da
burguesia ao poder, houve uma mudança do ponto de vista referente ao trabalho,
o qual agora era uma atividade valorizada, a qual na verdade, só tinha
propósito de uma determinada organização e disciplina para que o capitalismo
fosse adiante – trabalhador se equivale à mercadoria.
Conforme
a burguesia se destacava, o “povo” perdia espaço, destacava-se então a
divergência entre os princípios de luta dos burgueses e o feito por eles. Sem
qualquer outra saída, a classe dominada teve de vender sua força de trabalho
para garantir a sobrevivência. Houve neste momento uma sobreposição de ideias
feita pela burguesia.
A
psicologia começa a aparecer em meados do século XIX, “articulado ás
necessidades e contradições do capitalismo, impulsionada pelo progresso
cientifico e tecnológico”. Surge de forma literal quando já houve a
consolidação da burguesia, porém as psicologias vigentes em época, não viam o
homem como um sujeito histórico. A psicologia burguesa tinha por objetivo
justificar as naturalidade da produção de mercadorias numa sociedade
capitalista e caracterizar em cada individuo conforme sua relação com a
sociedade.
A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), inicia-se
como Psicologia Industrial, por causa da Revolução Industrial, com o surgimento
das fábricas, as relações sociais se transformaram e as organizações tiveram
como objetivo minimizar os conflitos seja através de acordo ou por ameaça.
A psicologia apareceu como fonte de técnicas aplicadas à
busca do bem-estar mental. Os instrumentos teóricos desse novo campo de
estudo foram utilizados no recrutamento de soldados e na seleção de empregados
para as fábricas. Em 1913, Hugo
Münsterberb publicou Psychology and
Industrial Efficiency, obra que focalizava, sobretudo, as técnicas de
seleção de pessoal e de ajuste funcional.
Frederick Taylor baseia-se na divisão do trabalho de modo prático e de fácil supervisão,
com o lema da máxima produção e do mínimo custo por meio do estabelecimento do
tempo padrão do trabalho. Neste período as jornadas de trabalho foram
ficando exaustivas, com até 14 horas diárias e com o ritmo intenso exigido nas
indústrias surgiram os primeiros estudos da POT, sobre fadiga, acidentes e
fluxos de produção.
Nos anos 20 e 30, as atividades dos psicólogos se
estenderam ao treinamento dos profissionais e também às investigações de
fatores ambientais que afetavam a produtividade, os quais vários desses estudos
tinham viés behaviorista.
Elton Mayo, foi um importante psicólogo deste período,
destacava a importância do “sentimento”, entre gerente e empregado. Iniciou-se
um período novo no universo do trabalho, em que a produtividade estava também
associada à interioridade do indivíduo, à sua coleção de valores e, principalmente,
a seu desejo de aceitação, de pertencer harmonicamente a um grupo, o qual
concluiu Mayo.
No final dos anos 50, Douglas McGregor, professor do MIT
Sloan School of Management, apresentou a teoria X, que funda-se na certeza que
o homem é sempre preguiçoso, desobediente, desprovidos de responsabilidades, e
avesso a responsabilidade. Na teoria Y, indica que o trabalhador é
empreendedor, criativo, disciplinado, auto-orientado para atingir os objetivos
da empresa e responsável.
McGregor destacou, que uma efetiva pratica motivadora,
depende de intervenções na subjetividade, para a auto-realização, ou seja, é
possível unir interesses corporativos e pessoais. Na Europa e nos EUA, a partir
dos 50, foi atribuído ao psicólogo à função de criar acordos de cooperação e
reciprocidade, o qual de certa forma, já existia nas linhas de produção
japonesas, regidas pelo sistema toyotista.
Entre as décadas de 70 e 80 a atenção voltava-se para a
satisfação dos indivíduos com suas atividades dentro das organizações. O objetivo
era diminuir as tensões e os conflitos entre gestores e empregados. A partir dos anos 90, os avanços tecnológicos
transformaram a velha sociedade do patrimônio físico, industrial e material para
a era da globalização trouxe novos desafios para a psicologia organizacional
dos dias atuais.
Hoje, com o aprimoramento das máquinas e dos meios de
produção, o homem tem desempenhado mais as tarefas de liderança, de busca de
soluções, de criação. Por outro lado, o
emprego ficou mais instável. Os desafios para o trabalhador e para as
organizações são diários. O empregado
tem de lidar com a realidade de que precisar estar em constante atualização em
um mercado altamente competitivo.
Atualmente a Psicologia Organizacional, tem a
participação da Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do
Trabalho (SBPOT), que nasceu em 2001, que tem por objetivo promover a produção
e divulgação do conhecimento cientifico. Em 2003 a 2005, no segundo mandato foi
realizado o 1º Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho
(CBPOT). A POT, conta com a FENAPSI, Federação Nacional dos Psicólogos, que
aborda o estatuto e regimentos da Psicologia do Trabalho.
Autor: Rafael Barbosa
Fonte:
Diálogos com a psicologia Organizacional e trabalho Evolução desafios e
novos rumos. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Aaw6GTT7jgc.
Acesso em 17 de set. 2013.
Ministério
do Trabalho e Emprego. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/portal-mte/.
Acesso em 17 de set. 2013.
Psicologia
Organizacional e do trabalho. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2011/01/RevistaDilogoN.5.pdf.
Acesso em 17 de set. 2013.
SAMPAIO,
J.R. Psicologia do Trabalho em três faces. In. GOULART, Íris; Sampaio, Jader R.
(Orgs.). Psicologia do Trabalho e gestão
de recursos humanos: estudos contemporâneos. São Paulo: Casa do Psicólogo,
1998, p. 19-40.
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