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terça-feira, 17 de setembro de 2013

O capital:O valor enquanto relação social


 O valor-de-uso de um produto é dado pelas suas qualidades físicas. Assim, uma fruta serve de alimento para nós se a consumirmos em uma cidade com milhões de habitantes ou se estivermos isolados em uma ilha deserta. Já o valor-de-troca, ou simplesmente valor, é necessariamente uma relação social.
Em primeiro lugar porque o valor de uma mercadoria se expressa sempre em outra mercadoria pela qual é trocada. No nosso exemplo anterior, uma mesa vale um casaco. O valor de uma mercadoria nunca é dado por si mesmo. Dizer que uma mesa vale uma mesa ou que um casaco vale um casaco não tem qualquer significado.
Porém, o valor é mais que isto. O valor é dado não só pelo tempo de trabalho necessário para a produção de uma mercadoria, mas pelo tempo de trabalho socialmente necessário. Isto quer dizer que em uma determinada sociedade os homens gastam em média uma quantidade “x” de energia humana para produzir uma mercadoria “A”. Se eu, por falta de habilidade ou por não possuir as ferramentas adequadas, gasto mais energia do que a média da sociedade para produzir esta mercadoria, o seu valor permanece o mesmo. Nestas condições, gastarei mais energia humana, mas não obterei mais valor por isso. Da mesma forma, o contrário também é verdadeiro. Se, por algum motivo, consigo produzir a mesma mercadoria com um gasto menor de energia comparado com a média social, seu valor não diminui, pois continua sendo determinado por aquela média.


Assim, o valor de uma mercadoria é sempre socialmente estabelecido e pode se modificar a medida que as condições de sua produção sejam alteradas. Imaginemos duas mercadorias como o ferro e o trigo. Certamente podemos trocar certa quantidade “x” de trigo por uma quantidade “y” de ferro desde que para produzir “x” de trigo seja necessário gastar a mesma energia humana que para produzir “y” de ferro. Se, entretanto, for encontrada uma nova jazida de ferro, o que implicará em menor esforço humano para sua obtenção, então o ferro perderá valor quando comparado ao trigo. Neste caso precisarei de uma quantidade “x” + “z” de ferro para trocar pela mesma quantidade “y” de trigo.
Da mesma forma, se por meio da mecanização da lavoura pode-se obter a mesma quantidade de trigo com menos esforço humano, então o trigo perderá seu valor diante do ferro e de todas outras mercadorias. Não importa que eu, individualmente, continue usando formas arcaicas para produzir o trigo, com maior gasto de energia. O valor do trigo será sempre socialmente estabelecido.
Por este raciocínio, pode parecer que interessa ao produtor não desenvolver novas técnicas de produção para manter sua mercadoria valorizada. Mas, não podemos esquecer que entre os produtores de mercadoria há sempre uma disputa. Se eu desenvolver uma técnica para produzir mais que meu concorrente com o mesmo gasto de energia serei beneficiado enquanto esta técnica não estiver sendo utilizada pela média dos demais produtores. Isto conduziria a uma queda do valor de minha mercadoria, mas o mesmo processo acontece com os produtores de outras mercadorias, restabelecendo entre elas certo equilíbrio.

Fonte:
O capital: texto de apoio. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvxUAK/capital-texto-apoio. Acesso em 17 de set. 2013.

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