rss email twitter facebook google pinterest

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O capital: Valor relativo, equivalente


Pelo visto, percebemos que certa quantidade de uma mercadoria pode ser trocada por certa quantidade de qualquer outra mercadoria. Toda mercadoria é boa se pode ser trocada por outra. Vimos, também, que o valor de uma mercadoria é sempre expresso em outra mercadoria.
 
Assim podemos dizer  que uma quantidade “x” da mercadoria “A” vale  uma quantidade “y” da mercadoria “B”. Nesta equação, “y” da mercadoria “B” dá o valor de “x” de “A”.   “y” de “B” é o equivalente de “x” de “A”. 

           xA                  yB
  (valor relativo)    (equivalente)

Se invertermos a equação, yB passa a ser o valor relativo e xA seu equivalente.
Se eu sou proprietário da mercadoria A, posso trocá-la por B, mas também posso troca-la pela mercadoria C, D ou E. Basta para isso estabelecer as devidas proporções em que minha mercadoria poderá ser trocada pelas demais. Então,

                                           yB
xA                                      zC
                                           tD


Se podemos trocar xA por yB, ou xA por zC, ou ainda xA por tD, então também podemos troca zC por yB, ou ainda tD por zC ou yB por tD. Dessa forma, podemos inverter a equação acima para

yB

zC                                      xA

tD


A mercadoria A agora passa a ser o equivalente da mercadoria B, da mercadoria C, da mercadoria D. Se considerarmos todas as mercadorias da sociedade que podemos trocar por A podemos considerar que A pode ser o equivalente de todas mercadorias, ou seja, a mercadoria A se torna o equivalente geral.
Se eu sou o proprietário da mercadoria A, é através dela que eu posso obter outras mercadorias que são necessárias para mim (B, C ou D...) e que eu não possuo. “A” para mim é o equivalente geral.
Mas, se “A” é o equivalente geral para mim, “B” deve ser o equivalente geral para o proprietário de “B” e “C” deve ser o equivalente geral para o proprietário de “C”.
No processo social das trocas, entretanto, o equivalente geral vai lentamente sendo estabelecido pela atividade mercantil dos homens sem que eles tenham perfeita compreensão disso. Uma mercadoria qualquer, por suas qualidades, pela sua disponibilidade, pelo interesse que desperta nos homens de uma comunidade passa a ser aceita por todos homens envolvidos nas atividades de troca, estabelecendo-se como equivalente geral.
Com o desenvolvimento das trocas, este equivalente geral que antes podia ser o sal, conchas ou gado, agora aparece sob a forma de uma mercadoria específica cada vez mais usada, o ouro ou a prata e mais tarde pela figura do dinheiro.
Ouro, prata ou cobre tornaram-se historicamente o equivalente geral presente em todas as sociedades que desenvolveram o comércio. Estes metais preservam seu valor-de-uso original, mas incorporam agora uma nova utilidade ao se comportarem como equivalente geral. O ouro, por exemplo, continua a ser utilizado para fazer jóias, mas pode ser utilizado também para fazer trocas.
Com o desenvolvimento das atividades de troca, estes metais, ou principalmente o ouro, passam a ser utilizados cada vez mais como meio de trocas, como equivalentes gerais. As mercadorias passam a ser trocadas por certa quantidade de ouro ou prata. Agora, uma quantidade da minha mercadoria “A” pode ser trocada por certa quantidade de ouro.
As quantidades em ouro vão se tornando a medida para avaliarmos uma mercadoria na hora de efetuarmos uma troca. São estas quantidades de ouro ou prata  que estão na origem do dinheiro. Você pode observar que diversas moedas tem no seu nome uma referência  a uma medida de peso: o peso, a libra, o pound, a lira, etc...
O dinheiro, portanto, é apenas uma mercadoria como outra qualquer que tem a função de  equivalente geral da sociedade. Se é assim, não é o dinheiro que estabelece o valor de uma mercadoria. Este valor já está estabelecido pela proporção entre os tempos de trabalho socialmente necessários para a produção das diversas mercadorias. O dinheiro apenas atua como  meio para facilitar as trocas.
Além disso, o dinheiro indica o preço da mercadoria, isto é, a expressão monetária do valor. Costumamos confundir preço e valor, mas são coisas diferentes. O preço tende para o valor, isto é, duas mercadorias com preços próximos provavelmente tenham valores próximos também, ou ainda, é provável que o tempo de trabalho necessário para produzi-las seja bastante parecido. Mas, o preço está mais sujeito a variações de acordo com determinadas circunstâncias do que o valor. São, portanto, coisas diferentes.

A mercadoria, esta forma mais simples do valor, ou o dinheiro, forma mais complexa, exercem sobre nós uma influência danosa. No nosso dia-a-dia costumamos atribuir às mercadorias e ao dinheiro qualidades que eles não tem e passamos a organizar nossas vidas por estas qualidades. A estas qualidades que atribuímos às mercadorias e ao dinheiro chamamos fetiche.

Fonte:
O capital: texto de apoio. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvxUAK/capital-texto-apoio. Acesso em 17 de set. 2013.

Pagina Anterior Proxima Pagina Página inicial

1 comentários: