Pelo
visto, percebemos que certa quantidade de uma mercadoria pode ser trocada por
certa quantidade de qualquer outra mercadoria. Toda mercadoria é boa se pode
ser trocada por outra. Vimos, também, que o valor de uma mercadoria é sempre
expresso em outra mercadoria.
Assim
podemos dizer que uma quantidade “x” da mercadoria “A” vale uma quantidade
“y” da mercadoria “B”. Nesta equação, “y” da mercadoria “B” dá o valor de “x”
de “A”. “y” de “B” é o equivalente de “x” de “A”.
xA yB
(valor relativo) (equivalente)
Se invertermos a equação, yB passa a ser o valor relativo e xA seu equivalente.
Se eu sou
proprietário da mercadoria A, posso trocá-la por B, mas também posso troca-la
pela mercadoria C, D ou E. Basta para isso estabelecer as devidas proporções em
que minha mercadoria poderá ser trocada pelas demais. Então,
yB
xA zC
tD
Se podemos trocar xA por yB, ou xA por zC, ou ainda xA por tD, então também podemos troca zC por yB, ou ainda tD por zC ou yB por tD. Dessa forma, podemos inverter a equação acima para
yB
zC xA
tD
A mercadoria A agora passa a ser o equivalente da mercadoria B, da mercadoria C, da mercadoria D. Se considerarmos todas as mercadorias da sociedade que podemos trocar por A podemos considerar que A pode ser o equivalente de todas mercadorias, ou seja, a mercadoria A se torna o equivalente geral.
yB
xA zC
tD
Se podemos trocar xA por yB, ou xA por zC, ou ainda xA por tD, então também podemos troca zC por yB, ou ainda tD por zC ou yB por tD. Dessa forma, podemos inverter a equação acima para
yB
zC xA
tD
A mercadoria A agora passa a ser o equivalente da mercadoria B, da mercadoria C, da mercadoria D. Se considerarmos todas as mercadorias da sociedade que podemos trocar por A podemos considerar que A pode ser o equivalente de todas mercadorias, ou seja, a mercadoria A se torna o equivalente geral.
Se eu sou
o proprietário da mercadoria A, é através dela que eu posso obter outras
mercadorias que são necessárias para mim (B, C ou D...) e que eu não possuo.
“A” para mim é o equivalente geral.
Mas, se
“A” é o equivalente geral para mim, “B” deve ser o equivalente geral para o
proprietário de “B” e “C” deve ser o equivalente geral para o proprietário de
“C”.
No
processo social das trocas, entretanto, o equivalente geral vai lentamente
sendo estabelecido pela atividade mercantil dos homens sem que eles tenham
perfeita compreensão disso. Uma mercadoria qualquer, por suas qualidades, pela
sua disponibilidade, pelo interesse que desperta nos homens de uma comunidade
passa a ser aceita por todos homens envolvidos nas atividades de troca,
estabelecendo-se como equivalente geral.
Com o
desenvolvimento das trocas, este equivalente geral que antes podia ser o sal,
conchas ou gado, agora aparece sob a forma de uma mercadoria específica cada
vez mais usada, o ouro ou a prata e mais tarde pela figura do dinheiro.
Ouro,
prata ou cobre tornaram-se historicamente o equivalente geral presente em todas
as sociedades que desenvolveram o comércio. Estes metais preservam seu
valor-de-uso original, mas incorporam agora uma nova utilidade ao se
comportarem como equivalente geral. O ouro, por exemplo, continua a ser
utilizado para fazer jóias, mas pode ser utilizado também para fazer
trocas.
Com o
desenvolvimento das atividades de troca, estes metais, ou principalmente o
ouro, passam a ser utilizados cada vez mais como meio de trocas, como
equivalentes gerais. As mercadorias passam a ser trocadas por certa quantidade
de ouro ou prata. Agora, uma quantidade da minha mercadoria “A” pode ser
trocada por certa quantidade de ouro.
As
quantidades em ouro vão se tornando a medida para avaliarmos uma mercadoria na
hora de efetuarmos uma troca. São estas quantidades de ouro ou prata que
estão na origem do dinheiro. Você pode observar que diversas moedas tem no seu
nome uma referência a uma medida de peso: o peso, a libra, o pound, a
lira, etc...
O
dinheiro, portanto, é apenas uma mercadoria como outra qualquer que tem a
função de equivalente geral da sociedade. Se é assim, não é o dinheiro
que estabelece o valor de uma mercadoria. Este valor já está estabelecido pela
proporção entre os tempos de trabalho socialmente necessários para a produção
das diversas mercadorias. O dinheiro apenas atua como meio para facilitar
as trocas.
Além
disso, o dinheiro indica o preço da mercadoria, isto é, a expressão monetária
do valor. Costumamos confundir preço e valor, mas são coisas diferentes. O
preço tende para o valor, isto é, duas mercadorias com preços próximos
provavelmente tenham valores próximos também, ou ainda, é provável que o tempo
de trabalho necessário para produzi-las seja bastante parecido. Mas, o preço
está mais sujeito a variações de acordo com determinadas circunstâncias do que
o valor. São, portanto, coisas diferentes.
A
mercadoria, esta forma mais simples do valor, ou o dinheiro, forma mais
complexa, exercem sobre nós uma influência danosa. No nosso dia-a-dia
costumamos atribuir às mercadorias e ao dinheiro qualidades que eles não tem e
passamos a organizar nossas vidas por estas qualidades. A estas qualidades que
atribuímos às mercadorias e ao dinheiro chamamos fetiche.
Fonte:
O capital: texto de apoio. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvxUAK/capital-texto-apoio.
Acesso em 17 de set. 2013.
Excelente explicação, obrigado.
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