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terça-feira, 17 de setembro de 2013

O capital: Valor-de-uso e Valor-de-troca


A sociedade capitalista é uma sociedade produtora de mercadorias. Se olharmos à nossa volta poderemos observar que praticamente todos os objetos que podemos ver, tocar, sentir seu cheiro, enfim, quase todos os objetos que podemos apreender pelos nossos sentidos são ou foram mercadorias. As roupas que vestimos as paredes que compõem nossas casas, os alimentos que saciam nossa fome, os aparelhos que facilitam nossa vida, todos eles, de uma forma ou de outra já estiveram no mercado à espera de quem se interessasse em compra-los. Não é à toa, portanto, que Marx, logo no primeiro capítulo de O Capital se ocupe em definir o que é a mercadoria.

             A mercadoria, diz Marx, é antes de tudo algo que satisfaça as necessidades humanas, sejam elas necessidades do estômago ou da fantasia. Qualquer mercadoria, portanto, deve satisfazer uma necessidade nossa; não há mercadoria que não tenha uma utilidade, que não seja produzida para atender a uma necessidade específica. Veja que Marx fala em necessidades do estômago ou da fantasia, ou seja, podem ser necessidades materiais ou espirituais. Pode ser um sanduíche que apenas mate nossa fome, como pode ser o sanduíche de uma determinada lanchonete famosa que, pode até não matar a nossa fome, mas que promete que lá seremos mais felizes



             Mas, voltemos a essa ideia  toda mercadoria tem uma utilidade. Podemos dizer, portanto, que toda mercadoria tem um valor-de-uso. O valor-de-uso de uma mercadoria é, como o próprio nome diz, a utilidade que ela tem para nós.
O valor-de-uso de uma mercadoria depende de suas qualidades físicas. O vidro que usamos em nossas janelas tem o valor-de-uso dado pela sua transparência, pela sua capacidade de permitir que a luz passe através dele, associada à certa rigidez que permite abrigar-nos, por exemplo, do vento, da chuva ou de ruídos. Esta é a sua utilidade, este é o seu valor de uso.
Dissemos acima que praticamente todos os objetos à nossa volta são ou foram mercadorias e também dissemos que todas as mercadorias tem um valor-de-uso. Experimente olhar novamente à sua volta para confirmarmos o que estamos dizendo. É possível encontrarmos algum objeto que sendo ou tendo sido mercadoria não tenha uma utilidade, algum valor-de-uso?

Na verdade, se olharmos atentamente, vamos perceber que estes objetos, em geral, não possuem apenas um, mas vários valores-de-uso. Um casaco que usamos não serve apenas para nos proteger do frio. Preenchemos com ele uma necessidade estética, uma necessidade de apresentarmos aos outros uma imagem mais bonita, mais alegre, mais forte, mais agressiva, mais sóbria, contestadora ou outra qualquer, que é inseparável da existência humana.
Mas, atenção: se toda mercadoria é um valor-de-uso, nem todo valor-de-uso é uma mercadoria. O exemplo mais claro disto está bem perto de nós: o ar que respiramos satisfaz, sem dúvida, uma necessidade humana. Tem, portanto, um valor-de-uso. Mas não é (pelo menos, por enquanto) uma mercadoria. Uma fruta que eu colha no pé é um valor-de-uso, mas não é uma mercadoria. O pôr do sol que eu paro para assistir é um valor-de-uso, mas não é uma mercadoria.
É que a mercadoria possui, além do valor-de-uso, o valor-de-troca, ou seja, a capacidade de ser trocada por outra mercadoria. Interessa-nos saber,  agora,  como  é  que   se  estabelece  o  valor-de-troca de  uma mercadoria.
Já vimos que o valor-de-uso de uma mercadoria é dado pelas suas qualidades físicas, palpáveis, visíveis, sensíveis. Mas, o valor-de-troca é um pouco mais difícil de compreender. Portanto atenção.
Quando trocamos mercadorias, estabelecemos entre elas uma proporção. Eu digo que certa quantidade da minha mercadoria vale uma certa quantidade da sua mercadoria. Se você concordar, nós estabelecemos a troca. Mas, é claro, nós nunca trocaremos mercadorias iguais; trocaremos sempre mercadorias diferentes. Então, como podemos estabelecer esta proporção. Como podemos dizer que uma quantidade “x” da mercadoria “A” vale tanto quanto uma quantidade “y” da mercadoria “B”?
Em se tratando de coisas diferentes, precisamos encontrar algo que seja comum a elas para que possamos estabelecer a proporção. O que há de comum entre um carregamento de bananas e um lote de computadores? Entre caixas de água mineral e agulhas de tricô? Entre mercadorias tão diversas que diariamente são levadas ao mercado para serem trocadas entre si?
Para resolvermos esta questão, olhemos novamente à nossa volta. Já observamos que quase tudo que nos cerca é ou foi mercadoria. Já vimos também que todas elas têm uma utilidade, um valor-de-uso para nós. Agora tente encontrar entre elas algum objeto que não tenha sido produzido direta ou indiretamente pelo trabalho humano.
Esqueça! Você não vai encontrar nenhuma mercadoria que não tenha sido produzida pelo homem. Aliás, o que você pode encontrar é inúmeros objetos que, mesmo não sendo mercadorias, foram produzidos pelo trabalho humano. Mas toda e qualquer mercadoria foi necessariamente produzida pelo homem.
Encontramos, então, no universo quase infinito de mercadorias tão diferentes um elemento que é comum a todas elas: o trabalho humano. Toda mercadoria necessita para sua produção de certa quantidade de trabalho humano. Visto isso, podemos entender porque mercadorias qualitativamente tão diferentes podem ser quantitativamente comparadas a partir deste elemento: o trabalho humano.

O valor de troca de uma mercadoria é dado pela quantidade de trabalho humano nela contida, ou em outras palavras, pelo tempo de trabalho necessário para produzi-la.

Fonte:
O capital: texto de apoio. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvxUAK/capital-texto-apoio. Acesso em 17 de set. 2013.


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