rss email twitter facebook google pinterest

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O capital: Dinheiro e Capital


O dinheiro, portanto, é apenas equivalente-geral que facilita as trocas mercantis. Dentro desta função, ele apenas obedece à regra simples do M-D-M’ , que significa dizer que eu tenho uma mercadoria que eu troco por dinheiro (primeira parte M-D) e que em seguida troco esta quantidade de dinheiro por uma outra mercadoria (segunda parte D-M’).
Em outros termos eu digo que troco uma mercadoria que tenho e que é um não-valor-de-uso para mim por dinheiro e depois troco este dinheiro por algo que eu não tenha e que seja um valor-de-uso para mim. Portanto, M deve ser qualitativamente diferente de M’.
Para continuar obtendo valores-de-uso que não me pertencem, produzo mais quantidades de um não valor-de-uso para mim para serem trocados por dinheiro (pois são valores-de-uso para os portadores do dinheiro) que eu trocarei por mais valores-de-uso para mim.


Em tais circunstâncias o dinheiro é apenas dinheiro, não atuando como capital. Dinheiro e capital não são necessariamente a mesma coisa. Veremos que podemos ter dinheiro que não é capital e capital que não está sob a forma de dinheiro. Ou ainda dinheiro que é capital e que ao trocar de mãos deixa de sê-lo como em um passe de mágica.
O dinheiro adquire esta forma de capital somente quando o processo de trocas já está suficientemente desenvolvido a ponto de que os homens sejam capazes de perceber que com maiores quantidades de equivalente-geral maiores quantidades de valores-de-uso poderão ser obtidas.
A fórmula M-D-M’ transmuta-se em D-M-D’, ou seja, de mercadoria trocada por dinheiro para obter outra mercadoria, temos agora uma certa quantidade de dinheiro trocada por uma mercadoria que, uma vez revendida, poderá me dar uma quantidade maior de dinheiro.
Entre as duas fórmulas observamos que na primeira o dinheiro atua apenas como elemento facilitador das trocas, não sendo a razão destas. Os extremos M e M’ são qualitativamente diferentes.
Na segunda, podemos observar que o dinheiro se torna o elemento em razão do qual a troca se realiza. Os extremos D e D’ são qualitativamente iguais, mas quantitativamente diferentes.
Neste caso, parece que estamos diante de uma contradição: se na primeira parte do processo eu troco D-M  (dinheiro por mercadoria) suponho estar trocando mercadorias de igual valor. Se na segunda parte do processo eu troco M-D’ (mercadoria por dinheiro) devo supor também que estou trocando mercadoria do mesmo valor.
Se assim for, devo concluir que D e D’ possuem o mesmo valor e que acabei trocando seis por meia dúzia. É claro que esta não pode ser a lógica do capital. Se D tiver o mesmo valor que D’ então não haverá lucro.
Com alguma simplificação poderemos dizer que eu obtenho o lucro comprando por um preço menor e vendendo por um preço maior. Circunstancialmente isto até pode acontecer ( e aí estamos falando de preços e não de valor), mas o sistema capitalista não pode viver apenas da ilusão circunstancial de alguns e da esperteza de outros.

Ademais, na sociedade capitalista todos são ao mesmo tempo compradores e vendedores de algum tipo de mercadoria e se o lucro fosse apenas um jogo entre espertos o que eu lucraria aqui enganando algum comprador eu perderia ali sendo enganado por outro vendedor. A chave do lucro de alguns e da miséria de milhares deve estar em outro lugar.

Fonte:
O capital: texto de apoio. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvxUAK/capital-texto-apoio. Acesso em 17 de set. 2013.

Pagina Anterior Proxima Pagina Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário