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terça-feira, 17 de setembro de 2013

O capital: Uma mercadoria que cria valor


Para que o capitalista lucre não basta apenas comprar e vender mercadorias à espera que sempre possa fazer um bom negócio. Ele necessita de algo mais seguro, que não seja instável, que não dependa apenas da ingenuidade dos outros.
O que o capitalista precisa é de uma mercadoria que, uma vez comprada, seja capaz de produzir um valor a mais. Mas já vimos páginas atrás que nenhuma mercadoria produz valor , que o valor é sempre produzido pelo trabalho humano. Como pode nosso capitalista encontrar uma mercadoria que produza valor? A resposta é muito simples: transformando o trabalho em mercadoria.
Mas, como pode o trabalho ser transformado em mercadoria?
Novamente os capitalistas tem a resposta na ponta da língua: é necessário que o trabalhador não tenha nenhuma outra mercadoria para vender a não ser sua própria força de trabalho. Desta forma ele terá que chegar ao capitalista e vender o seu esforço caso queira continuar sobrevivendo.


Este processo que inicialmente separou os trabalhadores dos meios de produção (da terra, das ferramentas, das matérias-primas...) Marx estudou no capítulo XXIV de O Capital  onde descreveu o processo de acumulação primitiva, o ponto de partida do capitalismo.
Neste capítulo, Marx mostra que o processo de separação do trabalhador dos meios de produção não se deu de forma pacífica. Foi, por exemplo, o cercamento dos campos, quando os camponeses foram expulsos de suas terras e, lançados na miséria, foram obrigados a vender sua força de trabalho nas oficinas das cidades.
Mas foi também o conjunto de leis sanguinárias que puniam com extremo rigor todo aquele que fosse apanhado sem uma ocupação definida. Expulso da sua terra, o trabalhador que não encontrasse emprego era tratado como criminoso, como inimigo da sociedade que precisa ser punido com marcas de ferro em brasa pelo corpo, com a escravidão, o exílio ou mesmo com a morte.  O capitalismo desde seu início impõe toda sorte de violência ao trabalhador e depois o trata não como a vítima de uma existência miserável, mas como o único culpado por sua miserabilidade.
Marx neste capítulo baseia-se na história inglesa dos séculos XVI a XVIII, mas estes elementos de violência contra o trabalhador podem ser encontrados, de uma forma ou de outra, nos nossos dias e em nossas cidades e campo.
Mas voltemos à mercadoria que produz valor. Sem os meios de produção o trabalhador é obrigado a vender a única coisa que lhe restou, ou seja, a sua força de trabalho.
Como se mede o valor desta força de trabalho que o trabalhador oferece ao capitalista? Ora, como a força de trabalho é uma mercadoria, seu valor deve ser medido da mesma forma que qualquer outra mercadoria.
Já vimos que o valor de uma mercadoria é medido pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la. O valor da força de trabalho é medido também pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la.
Ao final de uma jornada de trabalho, o trabalhador precisa repor as energias gastas durante o processo de produção. Necessita uma série de bens que permitam esta recomposição de forças: precisa de uma casa onde possa abrigar-se, de um bom prato de comida, de roupas limpas, de um meio de transporte que lhe permita deslocar-se de casa ao trabalho e vice-versa. Precisa reproduzir-se porque, afinal, algum dia alguém terá que substituí-lo no pé da máquina.
Durante esta jornada, o trabalhador também consome uma parcela do tempo em  que preparou-se para aquela função. Se ele é um trabalhador especializado, que freqüentou uma escola técnica, durante cada dia de trabalho consumirá um pouco deste esforço que realizou durante seu tempo de aprendizagem.
O valor de sua força de trabalho é igual ao valor dos bens que necessita para continuar trabalhando e da parcela de esforço que realizou para formar-se como trabalhador.


Fonte:
O capital: texto de apoio. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABvxUAK/capital-texto-apoio. Acesso em 17 de set. 2013.

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