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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Adolescente em discurso


Trata-se de um estudo sobre os discursos da mídia sobre a adolescência, sendo analisado 2 programas de televisão – o seriado Confissões de Adolescente e o Programa Livre -, uma revista feminina (Capricho), e um jornal (o caderno Folhateen, da Folha de S. Paulo). Fundamentado na teoria de Michel Foucault, o qual discute de conceitos de discurso, poder, saber e sujeito. Destaca-se no estudo o caráter pedagógico da mídia na vida do adolescente sobre a sexualidade e o corpo. A partir da década de 90 há uma alta proliferação de filmes, seriados de TV, programas de debates, livros e outros com uma alta produção e venda de roupas e acessórios destinados ao publico adolescente. Com o processo de divulgação da mídia, há uma mudança gradativa dos espaços institucionais da escola, da família. Segundo Canclini aponta que a supervalorização da comunicação de massa está relacionada com o enfraquecimento dos modos de legitimidade de instancias intermediarias. Por meio da mídia é possível apontar a reflexão do mundo privado como constituição das identidades individuais. Nas mídias são reproduzidos cenas e contextos que relatam intimidade, frustração, desejo e sonho de qualquer pessoa.
Segundo Focault a relação entre sociedade e meios de comunicação ultrapassa as explicações de enraizamento mecânico e vertical das superestruturas nos modos de produção econômica. Segundo Hobsbawn gradativamente a mídia vai assumindo o papel de educadora eletrônica.  Em meados do século XX a juventude é vista como um fenômeno ou problema da sociedade moderna que se torna objeto de estudo da Psicologia, com Erik Erikson em “Identidade - juventude e crise” e pela a Sociologia com Eisenstadt em “De geração a geração”. Eisenstadt desenvolve estudo comparativo de sociedades primitivas, históricas e modernas, apontando que os grupos etários não existem por acaso, mas trata de condições sociais especificas e fundamentais do sistema social para formação da personalidade individual. Conforme a pesquisa feita pelo IBOPE aponta que há uma tendência para o desaparecimento do jovem trabalhador, sendo marcante o perfil de jovens e adolescentes que a mídia perpetua, sobretudo na televisão. Nos anos 60 e 70 uma juventude rebelde, que tem como marca maior a reivindicação de direitos e justiças, tem a expressão de uma juventude contestadora da ordem política e social, com grande busca pela transformação da cultura, já nos anos 80 temos o crescimento das “tribos” que estão ligados a estilos musicais, tipo de dança, roupa e outras coisas que seja possível fazer com que um grupo seja identificado, ou seja, que tenha uma marca visível a todos, e nos anos 90 temos a multiplicação das “tribos”, dentre elas vale destacar os “happers” e os “grungers”. Diante de um grande numero de “tribos” ou grupo abre espaço para publicidade de produtos, e conseguinte movimentar o mercado consumidor, sendo vendido um perfil de jovem e adolescente, que agrade cada grupo com suas particularidades. Adolescência é período entre a puberdade e o pleno desenvolvimento muscular e nervoso, sendo marcante a participação destes em grupos ou “tribos”. Com o novo modelo de adolescência, aponta que com a relação deste com o mercado de trabalho, amplia-se o período de dependência em relação à vida familiar e escolar. Na analise dos dados é interessante apontar que a tese abrange o estudo de adolescentes, todavia não necessariamente os dados que vão ser utilizados dizem diretamente ao campo adolescente. A revista Capricho e o seriado Confissões de Adolescente, por exemplo, tem o público-alvo meninas com faixa etária de 13 a 16 anos. Já o Programa Livre, apresentado por Serginho Groisman, e o encarte da Folha de S. Paulo, o Folhateen atinge até adultos de ambos os sexos. No seriado Confissões de Adolescente são apresentados os discursos preventivos da psicologia, assim como a privacidade da relação entre pais e filhos, sendo apontada uma grande valorização da família, dos sonhos e uma oposição entre autonomia e liberdade. No seriado é colocada em desvalorização a instituição escolar relacionado à família, sendo este campo preenchido pela mídia, como papel educador e transmissor de informação. A revista Capricho com suas característica desenvolve um modelo ou padrão de adolescente que a ideologia quer vender, desde com as características deste período até marcas de certo grupo de adolescentes, sendo pertinente destacar o interesse da mídia, no marketing e publicidades de produtos, sendo nítido o culto ao corpo e valorização do consumismo. 
FONTE:

FISCHER, R. M. B. Adolescência em discurso: mídia e produção de subjetividade. 1996. 300f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 1996.

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