Análise, a partir do filme “Frida Kahlo”, assim como das obras
elaboradas pela Frida, com o intuito de entender sobre o conceito de projeção,
e seus conflitos inconscientes. Por isso é proposto neste trabalho, não apenas
analisar as obras de arte da Frida, mas como as cenas que apresenta os
devaneios da pintora, enfatizando o simbolismo apresentado no filme. Portanto,
para análise do filme e das obras, será utilizado o texto de Anzieu
(1979), “O conceito e projeção em Psicologia”, em que trata sobre a
conceituação da projeção desde sua utilização na física, até a sua utilização
na Psicologia, sendo mais especifico a Freud, pela Psicanálise.
Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon,
conhecida como Frida Kahlo, nasceu em 6 de julho de 1907, em Coyoacan, no
México, para uma vida cheia de percalços. Frida era uma revolucionária, e
gostava de todas as coisas que era de origem do México. Frida foi uma militante
comunista e agitadora cultural, Frida usou tintas fortes para estampar em suas
telas, na maioria auto-retratos, uma vida tumultuada por dores físicas e dramas
emocionais. Aos seis anos contraiu poliomielite (paralisia infantil) e
permaneceu um longo tempo de cama. Recuperou-se, mas sua perna direita ficou
afetada. Teve de conviver com um pé atrofiado e uma perna mais fina que a
outra. Vítima de um terrível acidente que a prendeu sob um colete de gesso por
toda a vida, a dor de Frida foi retratada em sua pintura de forma a marcar sua
obra. O apelo universal de Frida se deve ao fato de que “suas pinturas trazem
influências do renascimento europeu. Além disso, podemos compartilhar de sua
dor, que é muito forte”.Frida possui até laços religiosos que a aproximam de
seu país.”Sua obra traz muitas semelhanças com a arte da Polônia e dos países
bálticos, devido a uma influência comum do imaginário católico.
A história
começa com Frida ainda adolescente, em 1922, na Cidade do México, no começo do
filme já mostra que o bonde em que Frida vai para casa naquele dia se envolve
num acidente terrível com um ônibus. A garota é encontrada a parte inferior de
seu corpo atravessada por uma vara metálica. As cirurgias e o processo de
recuperação que se seguem são infinitamente dolorosos e levam sua família à
falência, mas, enquanto se recupera, ela começa a desenhar e pintar. A partir
desse início terrível, o filme mostra como o sofrimento de Frida. E mais tarde,
quando ela consegue andar outra vez vai visitar Rivera e pede que ele faça a
crítica de seu trabalho. A relação de
Frida e Diego conquista uma química imediata entre eles, em que evolui para um
romance que vira casamento. Embora a mãe de Frida desaprove, dizendo que é o
casamento "de um elefante com uma pomba", os dois têm em comum sua
natureza apaixonada e um profundo engajamento com a política radical
Alguns
dos fatos verídicos mostrados são mais surpreendentes do que qualquer ficção -
por exemplo, o caso que Frida tem com o envelhecido Leon Trotsky ou tango
sensual dela com Frida, que acaba revelando publicamente a bissexualidade da
pintora mexicana. Apesar de trazer momentos belíssimos à tela, o final poético
não é exatamente célebre. Percebe-se a dificuldade de encontrar equilíbrio
entre a deterioração da relação de Frida e Diego, sua traição por sua irmã, sua
prisão após o assassinato de Trotsky. E na sequência o filme termina, com a
“mudança” de Rivera, e em que nos momentos finais e difíceis de Frida, este se
propõe a cuidar dela, nas suas dificuldades de saúde, assim como termina o
filme, com o momento, em que as pinturas de Frida são demonstradas a pessoas.
O
CONCEITO DE PROJEÇÃO EM PSICOLOGIA
O
texto inicia, com apresentação da definição, de Frank, que em 1939, utilizou a
expressão “métodos projetivos” para explicar o teste de associação de palavras de
Jung (1904), os testes de manchas de tinta de Rorschach (1920) e T.A.T. (teste
de invenção de histórias) de Murray (1935). Frank mostrava que tais técnicas
formam o protótipo de uma investigação dinâmica e global da personalidade, ou
seja, aborda a personalidade como uma estrutura em evolução, cujos elementos
constitutivos se encontram em interação (ANZIEU, 1979). Segundo o autor, a
palavra “projeção”, deriva três sentidos etimológicos: Num primeiro sentido, a
palavra denota uma ação física, por exemplo, um lançamento de projéteis. Já
Freud, destaca que a paranóia consiste em expulsar a consciência os sentimentos
repreensíveis, atribuindo-os a outra pessoa (ANZIEU, 1979). É possível
relacionar, com o filme de Frida, no dado momento que as pinturas de Frida são
formas de dar expressão consciente aos sentimentos, por exemplo, no momento em
que acontece a traição do seu esposo (Diego) com sua irmã, logo em seguida faz
uma obra de arte, em que é demonstrando os seus sentimentos
No
segundo sentido, é matemático, em que se encontra na geometria projetiva, em
que a projeção estabelece correspondência entre um ponto do espaço e um ponto
de uma superfície. O terceiro sentido da palavra “projeção”, tem origem na
ótica, em que uma projeção luminosa envia raios sobre a superfície. A palavra
projeção foi transposta para psicofisiologia, em que uma sensação é projeta
para um órgão, e pela psicologia, em que os estados afetivos são projetados
pelo sujeito. Na Psicologia, a palavra projeção ganha sentido, como descarga de
impulsos e emoções, no segundo sentido estabelece uma correspondência
estrutural entre a personalidade e as produções individuais, e o terceiro
sentido é o veiculo das representações arcaicas da imagem do corpo (ANZIEU,
1979). Na pintura[1] é retratado após o
divórcio de Diego, em que sinaliza o corte dilacerado da realidade, em que
Frida objeto de amor de Diego, expõe, que se coração era ligado por uma
artéria. Por isso a tesoura mostra que a traição foi cortada pela tesoura, o
que antes era ligado com irmã. É possível ser apontado que a hemorragia, ou o
cenário demonstra a melancolia, que Frida estava sentindo e passando com a
traição e o divorcio. Portanto, é possível a projeção acontece em que seus
sentimentos são projetados nas telas, sendo que o episódio em que seu filho[2] não nasce retrata a mesma
realidade. Por isso, no caso de Frida é a forma em que ela utiliza para fazer a
descargas de suas emoções, assim como é nítido percebe que é estabelecido
relação com as pinturas e os sentimentos que está enfrenta, seja no divórcio,
na perda da criança, ou nos momentos de dor ou conflito.
Segundo
Freud, a projeção num primeiro momento seria “uma percepção interna é
reprimida, e substituindo-a, seu conteúdo, após sofrer certa deformação, chega à
consciência sob a forma de uma percepção vinda do exterior”. Por isso neste
caso a projeção é a expulsão de um desejo intolerável e sua rejeição para fora
da pessoa, em outras palavras, é a projeção daquilo que não se quer ser. (ANZIEU,
1979). É possível ver tal definição, na tela “eu sou um pobre veadinho ferido” [3], em que Frida representa
esse cárcere que enfrente no seu corpo violentamente atacado que contrasta com
o olhar fixo e impenetrável, de suportar seu martírio. Por isso, é passível de
entender a projeção se encontra a medida que expulsa o desejo, de não ficar no
estado doentio, e por isso o projeta, a medida que o faz, de uma maneira
diferente, como de um veadinho. Já num segundo momento, o autor amplia o campo
para as técnicas projetivas. Por isso a projeção conserva o conteúdo do
sentimento inconsciente, deslocando o objeto de tal sentimento (ANZIEU, 1979).
É possível ver na pintura em que se ela, se retrata, após as cirurgias e as mudanças no seu corpo[4], Frida insistia em dizer
que não estava doente, mas na imagem é possível perceber seu deslocamento. Por
isso, é plausível destacar que neste momento, para Freud, a projeção ganha
outra espaço, e tal conceituação é vista a medida que Frida, se retrata, mas
desta vez, toda passada por “ferros” e outros materiais cirúrgicos.
REFERENCIA
ANZIEU,
D. O conceito de projeção em psicologia. Em: ANZIEU, D. Os métodos projetivos.
Trad. Maria Lucia Eiraldo Silva. 2ª. Ed. Rio de Janeiro. Ed. Campus, 1979.
p.15-31 .
Frida
Kahlo: análise de imagem. Disponível em: http://sobredesign.wordpress.com/2007/06/26/frida-kahlo-analise-de-imagem/.
Acesso 27 de Mar. 2014.
MORAIS,
K. Resenha: Frida. Disponível em: http://designblogfacu.blogspot.com.br/2011/04/teste.html Acesso
27 de Mar. 2014.
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