Segundo Mascagna
(2009) a concepção tradicional considera a adolescência, como uma turbulenta e
natural; assim como nessa mesma perspectiva a fase da adolescência é
apresentada pela visão naturalista e biológica, ou seja, sendo apenas uma maturação
hormonal. Por outro lado, a proposta do trabalho é a concepção
histórico-cultural. O objetivo é investigar o adolescente, no seu
desenvolvimento das funções psicológicas superiores. E relacionado com a
formação dos conceitos e suas atividades dominantes.
A
adolescência é vista como naturalizante (BOCK, 2004). Com base na Psicanálise,
a adolescência foi vista como fase natural. Em outras palavras, a visão
naturalista
predominante na atualidade, é de um período de conflito,
instabilidade emocional. Na psicanálise a crise adolescente é o despertar da
sexualidade no nível da maturidade genital (TOMIO, 2006). Em outras palavras, o
adolescente estaria em conflito entre se criança e se tornar adulto.
Segundo
Mascagna (2009) no senso comum, a adolescência é apresentada, como problemas,
ou uma fase que é difícil de ser lidada. Características ou comportamentos
mencionados, pelos autores citados, como atitude social reivindicatória, ou
seja, a revolta contra alguém ou alguma coisa, assim como também a busca pela
identidade
Numa
retomada bibliográfica em livros, a autora concluiu, que Erikson (1976) em seu
livro coloca a adolescência, como fase de crise de identidade e confusão de
papéis. Aberastury e Knobel (1989) institucionalizaram a noção de síndrome
normal da adolescência, ou seja, naturalizaram a fase, com os lutos infantis.
Becker (1989) não supera a naturalização, mas universaliza a adolescência, com
rituais de passagem, e aspectos culturais, esse autor faz critica as teorias
que visam os aspectos biológicos. Calligaris (2000) também não consegue superar
as mudanças hormonais, apenas expõe a noção de moratória que é imposta pela
sociedade. Tiba (2005) discute a formação do caráter, desde o desenvolvimento
biopsicossocial até saber lidar com os adolescentes, que são retratados, como
“folgados”. Tania Zagury (2008) enfatiza a importância dos limites na educação
dos filhos, sendo que não reforça o individualismo, mas destaca sobre a
mediação dos pais e professores na formação na personalidade.
Numa
retomada bibliográfica em artigos, a autora concluiu, que Justo (2005) que
discute sobre o “ficar” na adolescência com olhar na subjetividade, sem
referencia histórico/social. Almeida; Martins; Trindade (2003) expõem que as
representações sociais da adolescência na zona rural e urbana, são construções
sociais da adolescência. Miguel; Toneli (2007) apresentam um levantamento
bibliográfico sobre mídia, sexualidade e adolescência. Lage; Monteiro (2007)
enfoca sobre a adolescência e depressão na perspectiva da psicanálise. Oliveira
(2006b) argumenta sobre identidade, narrativa e adolescência, em que faz
críticas a Psicologia do Desenvolvimento, e cita autores, como Vigotski e
Leontiev, com proposta de discussão sobre a linguagem (MASCAGNA, 2009).
Segundo
Mascagna (2009) a adolescência é uma fase que não se faz pelo natural e
biológico (isso é puberdade), mas pela vida material e social, ou seja,
construída historicamente. A adolescência foi criada pelo homem, num contexto
com as necessidades ao longo da história. Conforme Ozella (2008) os próprios
adolescentes se apropriam da idéia socialmente construída do que é ser
adolescente. O desenvolvimento psíquico está dialeticamente relacionado com
formas de viver.
Segundo
Bock (2004) com a revolução industrial, houve-se a necessidade retardar o
ingresso dos jovens no mercado, o que transformado pelo aumento do tempo na
escola. Já autora, acrescenta, que o afastamento do mercado de trabalho e o
prolongamento na escola, vai constituindo o preparo vida adulta, entre outras
palavras, esse “preparo” se chama adolescência. A adolescência refere-se com
inicio voltado para sexualidade (reducionismo), sendo que as manifestações e
alterações corporais dirigem a ação do adolescente. O modelo de comportamento
do adolescente é veiculado pela mídia. A escola desempenha função de preparar
pessoas para as necessidades do mercado econômico. Tratamos as características
da adolescência, como se fosse inatas produzidas ao longo da história
(ABERASTURY e KNOBEL; 1989).
Mascagna
(2009) discute que na pós-modernidade as características inatas da adolescência
são reforçadas. A pós-modernidade estaria relacionada, com a informática,
comunicação, produção de símbolos e uma sociedade de consumo (SAVIANI, 1991).
Segundo Nagel (2005b) os indivíduos que fazem parte dessa sociedade têm
características dessa época, dentre elas: a) prazer imediato; b) descompromisso
com o outro; c) falta de motivação para o trabalho; d) apatia sobre o futuro;
e) banalização da morte; f) indisponibilidade para reflexão. Por isso é
possível, perece que os comportamentos indicam uma individualidade, ou seja,
sem coletividade. Com o fenômeno da internet, televisão, vídeo-game e
celulares, a realidade individual torna-se cada vez maior, a medida que a mídia
com suas imagens apelativas as emoções, gera no individuo o prolongamento da
infância, falta de vínculos afetivos, relacionamentos superficiais, pluralismo
e relativismo (GRENZ, 1997).
Outra
característica sociedade pós-moderna, no que tange a privacidade, é destaco
pela exposição pública da vida individual, como acontece nos Reality Shows, em
que é espetáculo visual que paralisa emoções do telespectador que se
identifica. Outra característica é o consumo exagerado, em que os indivíduos
consomem produtos sem necessidades, e para isso a mídia conta força para
seduzir seu público, com produtos atrativos para vida do sujeito (MASCAGNA,
2009).
Segundo
Mascagna (2009) a escola expressa um período histórico-social, com interesses
vinculados a sociedade capitalista. Como já ressaltado, os alunos e
professores, assim como o projeto pedagógico de cada instituição de ensino
corresponde às características da pós-modernidade. Nagel (2005b) acrescentar
comportamentos, como liberdade sem princípios, individualismo, narcisismo,
pânico, depressões, déficit de atenção, apatia, desmotivação, irritabilidade.
Os
adolescentes estão desempenhando bem o seu papel, ou seja, expressam os
comportamentos que são esperados da pós-modernidade. Em que os adolescentes são
individualistas, negam o conhecimento, criatividade incompreendida (rebelde) e
colocam o outro como referencia. É necessário superar a visão naturalizante da
adolescência, e a medida que é necessário compreender o desenvolvimento do
psiquismo humano, como produto histórico (MASCAGNA, 2009).
Vigotski
desenvolve idéias sobre o homem, em que são explicadas em dois pólos (idealismo
ou materialismo).Psicologia subjetivista (Psicanálise, enfoca o inconsciente
como centro do fenômeno psíquico, e tem a sexualidade como seu principio) em
que estuda a psique e deixa o comportamento, e do outro lado, a Psicologia
Objetivista (Reflexiologia, em que estuda o comportamento humano e animal,
baseado em reflexo condicionado), em que estuda o comportamento sem estudar o
psiquismo. Para Vigotski deveria existir uma psicologia geral, que considerasse
o desenvolvimento da psique como comportamento, e que tivesse característica
central o desenvolvimento do psiquismo, pelas condições histórico-sociais
(MASCAGNA, 2009)..
Psicanálise
resultou de estudos sobre a neurose especificando os fenômenos psíquicos, que
surgem do inconsciente como centro da sexualidade. A Teoria Comportamental teve
seus estudos iniciados pela psicologia animal, com foco o reflexo condicionado.
O Personalismo teve origem na Psicologia Diferencial, ou seja, a
individualidade como foco, em que a personalidade e a individualidade eram
respostas para todos os fenômenos. Vigotski propõe uma psicologia geral
fundamentada no materialismo histórico. A concepção histórico-social pressupõe
o homem como um ser em constante movimento e contradição, com base no
materialismo dialético (MASCAGNA, 2009).
Os
homens não nascem dotados das aquisições históricas da humanidade, mas desde o
nascimento pelo processo educativo vão se apropriando da cultura. Segundo
Engels (1982) o homem foi se humanizando quando as características biológicas
deixaram de prevaleceram a transição da vida animal a vida em sociedade.
Leontiev (1959) referente ao processe de humanização, acrescenta sobre a
influencia do trabalho e do desenvolvimento da comunicação aparecem às
primeiras modificações anatômicas no homem (MASCAGNA, 2009).
Segundo
Engels (1982) é mediante o trabalho que o home se adapta a natureza e cria
instrumentos necessários para sua transformação. Os conhecimentos científicos,
que não adotam o método materialista-dialético, reforçam a visão biologicista
de homem, a media que adotam os homens, como dotados de características e
personalidade inata (MASCAGNA, 2009).
Vigotski
(1998) o principal sistema de signos é a linguagem, porque é mediadora entre as
relações históricas dos homens e cada homem em particular. O desenvolvimento
das funções psicológicas humanas ocorre inicialmente na relação com os outros,
e externamente depois consigo mesmo.
Leontiev
(1959) a objetivação é a realização material pelo homem das suas faculdades
físico e mental, ou seja, é produzindo e reproduzindo os objetos materiais e
não-materiais. Já a apropriação é um processo ativo de incorporar as
características fundamentais da atividade acumulada no objeto, e é um processo
mediador entre o ser genérico e a formação singular de cada individuo
(MASCAGNA, 2009).
Segundo
Leontiev (1959) a alienação, tem dois sentidos, sendo um negativo é que o
trabalho toma boa parte da vida do indivíduo, e o outro positivo porque o
trabalhador tem o conhecimento que é necessário para realizar o trabalho. No
sistema capitalista o trabalho se transforma em objeto externo, e estranho ao
próprio homem que o produziu. O homem alienado não tem controle da realidade
que o cerca a realidade passa a ter controle sobre o próprio homem. Na relação
alienada, o homem, ao virar mercadoria, relaciona-se com os outros homens da
mesma forma, ou seja, como meras mercadorias. O psiquismo humano é uma natureza
(ontológica), um fenômeno material, que se desenvolve a partir das relações de
trabalho (MASCAGNA, 2009).
Segundo Mascagna (2009), a
adolescência deve ser considerada não somente como algo natural, é preciso
compreender que o desenvolvimento do psiquismo está implicado também com as
relações histórico-sociais que cada individuo está inserido, nos que diz
respeito a adolescência, ela é uma fase de transição, para que possamos
compreender como se da o desenvolvimento do psiquismo nessa fase é importante
considerar as atividades dominantes realizadas pelos adolescentes na sociedade
pós-moderna, e visar a adolescência não como uma fase natural e maturacional,
mas como um período que é construído e alimentado historicamente, a qual se da
de forma diferente em cada individuo.
Para a Psicologia Histórico-Cultural, Vigotski
(1995) discute que as funções psicológicas superiores são resultados do
desenvolvimento histórico da humanidade, isso não quer dizer que se
desconsidera o desenvolvimento orgânico e biológico, apenas não considera
exclusivamente a estes fatores uma predominância para o desenvolvimento
psíquico humano, pois o desenvolvimento das funções também está correlacionado
com o desenvolvimento histórico, e isto quer dizer que a importância das
funções vai se modificando ao longo do desenvolvimento individual e histórico e
que a memória, assim como as outras funções durante a infância tem um
determinado propósito, durante a adolescência ela irá modificar-se (MASCAGNA,
2009).
De acordo com Mascagna
(2009), ao expor sobre Vigotski (1995) o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores tem inicio no meio externo pela apropriação cultural, o
que promove o desenvolvimento do pensamento, isso junto ao uso de ferramentas e
dos signos, com o desenvolvimento da linguagem e da escrita entre outras, essas
funções são desenvolvidas desde a infância, que passam das simplesmente
involuntárias para as voluntárias, sendo controladas e utilizadas de acordo com
as necessidades tanto individuais quanto coletivas, e é pela medicação dos
signos, o qual é social que se da o desenvolvimento interno do comportamento da
criança, dessa maneira com o desenvolvimento histórico da humanidade, a vontade
e o domínio da própria conduta surgem e se desenvolvem. O desenvolvimento das
funções vai de acordo com o histórico da humanidade e o individual de cada
sujeito, durante seu desenvolvimento o homem realiza várias atividades, onde
uma será dominante, dominante é aquela que cerca a vida do individuo e o faz
viver em torno dela, e consequentemente o desenvolvimento do psiquismo depende
dessa atividade.
Segundo Vigotski (1995) na
adolescência há uma mudança dessa atividade dominante, sendo esse um salto
qualitativo no desenvolvimento da criança e do adolescente, o que corresponde a
uma nova necessidade interior que está ligada as novas tarefas impostas pelo
contexto social, nessa fase de transição as funções psicológicas se desenvolvem
por meio da apropriação de conceitos científicos e da participação do processo
cultural e histórico da humanidade, sendo assim elas não são apenas funções
biológicas que se estabelecem naturalmente independente do meio, mas sim
atreladas à vida pratica dos homens, a sua maneira de viver (MASCAGNA, 2009).
Luria (1979a) expõe que algumas
funções psicológicas superiores são importantes ser consideradas para
compreendermos melhor como se dá a adolescência, como a atenção voluntária, a
qual desempenha a função de selecionar informações advindas do meio externo, é
por meio dela que o homem distingue os estímulos mais relevantes, e a superior
é um processo pelo qual a atividade psíquica se concentra para se manter
voltada a um único objeto, ignorando os outros estímulos, sendo a atenção e os
processos das funções psíquicas um “complexo de desenvolvimento
histórico-social”, na adolescência começa a desenvolver-se também a atenção
voluntária e automatizada que é fundamental para que a pessoa possa realizar
certas ações e para que o homem possa controlar sua própria atividade. Na
adolescência está presente também o desenvolvimento da memória lógica, a qual
consiste em guardar, registrar experiências vivenciadas pelo sujeito, podendo
este acumular informações e reproduzi-las por meio da memória, a qual está
envolvida intrinsecamente com as emoções e as percepções, e é com a aquisição
dos instrumentos e da linguagem, o homem pode desenvolver a memória superior,
voluntária, importante ressaltar que a memória está presente desde a infância,
porém o que muda com a chegada da adolescência são as relações interfuncionais
que conectam a memória a outras funções, e seu desenvolvimento histórico se da
a partir do momento em que homem deixa de utilizá-la como força natural e passa
a dominá-la (MASCAGNA, 2009).
Vigotski e Luria (1996) junto
a essas funções está o desenvolvimento da abstração, o qual é a parte
integrante de todo tipo de processo de pensamento, uma técnica criada no
processo de desenvolvimento da personalidade, condição e instrumento necessário
de seu pensamento, esse processo só se desenvolve com o desenvolvimento
cultural da criança, a linguagem aqui é elemento principal na capacidade de
formular abstrações, por ser um produto do desenvolvimento histórico social
humano, o que a torna instrumento para o desenvolvimento dessa função (MASCAGNA,
2009).
Conforme Luria (1981) o
pensamento é visto pela psicologia moderna como sendo indivisível, uma ação
mecânica de associações individuais, é somente por meio dele que homem consegue
generalizar e utilizar as leis gerais da realidade, analisar e fazer sínteses
mentais dos fenômenos que a realidade lhe apresenta, e quando a criança entra
na adolescência seu pensamento, suas operações lógicas sofrem grandes mudanças
(MASCAGNA, 2009).
Vigotski (2005) a formação
de conceito é uma das funções mais destacadas na fase da adolescência, pois é
onde ele se configura e se desenvolve, essa formação é resultado de uma
atividade complexa em que todas as funções intelectuais básicas tomam parte, o
novo e significativo uso da palavra e a sua utilização por meio de conceitos é
a causa psicológica de transformação radical que passa o processo intelectual
no limiar da adolescência, pois nela uma nova estrutura se da nas funções
elementares, formando um novo todo, que contribui no uso de novas palavras e
signos para a formação de conceitos, pois é por meio da abstração e do
pensamento complexo que a criança pode formar os verdadeiros conceitos, esses
são formados durante o processo histórico, mas o individuo assimila durante seu
desenvolvimento individual (MASCAGNA, 2009).
Mascagna (2009) pontua que é
na escola o lugar onde na relação do aluno com o professor que os conhecimentos
científicos ganham força, na qual ocorre o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores, os conceitos científicos são indispensáveis para o desenvolvimento
das funções psicológicas, porém eles se desenvolvem a partir dos espontâneos,
de forma que um não exclui o outro. No entanto, as funções psicológicas
superiores são desenvolvidas ao longo do processo histórico-social da
humanidade, por meio da aquisição dos conhecimentos científicos elaborados
socialmente, esses conhecimentos introduzem o objeto em uma relação
lógico-verbal, categorial, e a formação plena desses conceitos vai acontecer na
adolescência, pois nessa fase ocorre uma forma psíquica qualitativamente nova,
na qual os jovens assimilam pela primeira vez os verdadeiros conceitos.
Para a perspectiva
histórico-cultural, é necessário entender profundamente as questões dos
interesses na fase da adolescência, e a partir disso poder compreender o
desenvolvimento psicológico dos adolescentes, pois o desenvolvimento psíquico
se embasa na evolução da conduta e dos interesses da criança nas trocas que se
produz na estrutura de orientação de seu comportamento, é preciso levar em
consideração o desenvolvimento histórico e social dos interesses igualando-os
ao processos biológicos, e junto ao mundo interno surge para o adolescente um
mundo exterior completamente novo, sendo assim o desenvolvimento orgânico
impulsiona o dos interesses do adolescente, nessa idade de transição ocorre uma
fase negativa na vida dos mesmos, porém não somente isso, pois há uma salto
qualitativo no desenvolvimento das funções psicológicas superiores, pelo fato
de já conseguirem formar os verdadeiros conceitos, sendo essas formações
qualitativamente novas das operações intelectuais, produtos do desenvolvimento
histórico e tem também uma relação direta com o desenvolvimento biológico, mas
não é esse quem determina o desenvolvimento das funções (MASCAGNA, 2009).
Na idade de transição os
interesses mudam, o qual está totalmente relacionado com o desenvolvimento
sócio-historico, e seus interesses não são provocados simplesmente por sua
natureza biológica particular, mas histórico-social, eles variam em cada idade
e modificam os próprios mecanismos de conduta, nesta fase a formação de
conceitos é considerado um avanço importante no desenvolvimento intelectual do
jovem, pois por meio dele o adolescente se depara com sua realidade subjetiva,
ou seja, chega a autopercepção e a autoobservação, o conceito inclui não
unicamente o geral, mas também o singular e particular, é resultado de um
conhecimento duradouro e profundo do objeto, a partir disso o mundo do
adolescente passa a ser o da consciência
social objetiva, e todo o conteúdo que esta na sua mente se reestrutura por
causa da formulação de conceitos, esses novos conteúdos impulsionam a novas
atividades e formas de pensar, porém os primeiros conceitos adquiridos não são
descartados, mas relacionados com os outros, e assim o adolescente vai
desenvolvendo seu pensamento abstrato, e ele age a partir dos seus próprios
desejos e necessidades, compreender a si próprio e aos outros, é mediante todo
o desenvolvimento psíquico , relacionado com seu desenvolvimento
histórico-cultural e com a atividade humana que se pode compreender toda a
complexidade do desenvolvimento humano (MASCAGNA, 2009).
A inteligência é algo que já
está dado, porém sua formação se da pela mediação do homem com o meio social e
com as outras pessoas, pela assimilação dos conhecimentos que o individuo se
torna homem e desenvolve sua consciência, o individuo concreto é um produto
sócio-histórico, o desenvolvimento de sua consciência ocorre através do
trabalho, com a apropriação dos produtos físicos e abstratos que ocorre dialeticamente
é que se desenvolvem as estruturas superiores do individuo, essas funções
superiores surgem e se desenvolvem na adolescência em relação direta com o
meio, sendo assim produto do desenvolvimento histórico como algo totalmente
novo, estrutura psicológica independente, e as formas superiores das funções
surgem por meio de uma longa história de desenvolvimento, o adolescente passa
então do nível da vivência para o do entendimento (Mascagna, 2009).
O que se torna doloroso para
o adolescente é o desaparecimento dos velhos interesses, pois surgem os novos,
e se instala um tipo de crise, cujo estado emocional é um vazio, um
negativismo, mas estas crises não vêm de questões biológicas e não são
necessariamente negativas, porque dão um novo impulso ao desenvolvimento
psíquico do individuo, e essa crise é evolutiva, ocorrendo juntamente com as
novas necessidades, motivos e com as qualidades psicológicas novas que surge, o
psiquismo humano se desenvolve conforme as condições históricas e os meios de
produzir vida, é nessa fase como já citado que ocorre um salto qualitativo no
desenvolvimento psicológico do adolescente, importante saber que em cada idade
existe uma atividade dominante que guia a vida, e na adolescência isso não se
reduz apenas ao estudo, pois também ocorre a comunicação interpessoal entre os
adolescentes, a escola, amigos e grupos passam a ser atividades principais, e
sua vida é transformada em imaginação, pois ele ainda não adentrou na atividade
social, e com isso ele vive então uma espécie de sonhos, pensando no futuro, e
ai que podem se instalar conflitos, porque há o desejo, porém não podem
realizar naquele momento, e seus pensamentos se reestruturam e eles começam a
conceituar tudo a sua volta (MASCAGNA, 2009).
Segundo
Mascagna (2009), a característica principal da adolescência é o desenvolvimento
máximo das funções psicológicas superiores e a formação de verdadeiros
conceitos vai além de um período natural, pois é um produto histórico-social
fundamental no desenvolvimento psíquico, é importante considerar que depende
necessariamente da época em que cada adolescente vive, pois assim suas
atividades principais serão diferentes, pois um adolescente que vive em uma
cidade do interior e o que vive no centro urbano vai apresentar comportamentos
diferentes e interesses diferentes, portanto sua atividade principal será
diferente, então é importante ao analisarmos seu desenvolvimento sempre
considerar o contexto histórico no qual o indivíduo está inserido, pois esse
influencia de forma direta no seu desenvolvimento, e também de acordo com a
época em que se vivem as concepções podem ser diversas
Por
fim, Mascagna (2009) discute sobre a parte prática de sua dissertação, em que o
objetivo geral de analisar a influencia do processo de escolarização na
constituição da subjetividade dos alunos, enfatizando o desenvolvimento das
suas funções psicológicas superiores. O método utilizado foi de Entrevista semi-estruturada,
em que foi feito em duas etapas, na primeira foi feita uma identificação, e na
segunda questão sobre adolescência, escola e atividade dominante. A análise foi
baseada no Materialismo Histórico e nos fundamentos da Teoria
Histórico-Cultural. Os participantes: 14 adolescentes (8ª série de 13 a 15
anos), e o local em Escola Estadual de Maringá. Na análise, concluiu-se que a
importância da escola para os adolescentes, é aprender, mas também para ter um
futuro melhor. Já sobre a importância das disciplinas, constatou-se que primeiro
é para ajudar compreender melhor as coisas, e depois para auxiliar na
comunicação. Sobre o emprego do tempo livre, conclui que é para sair com os
amigos, e depois usar computador/internet. Já sobre as atividades importantes,
demonstrou em primeiro, realizar tarefas escolares, e depois televisão. Mas na
preferência de atividade em realizar no tempo livre, demonstrou- se sair com
amigos, e depois computador/internet. Sobre a concepção de adolescente, é
destacado como ter comportamento diferente, e ser rebelde. E para encerra é
apontado sobre o que falta, para ser adulto, e conclui-se que é ter
responsabilidade ou maturidade e trabalhar.
REFERENCIA
MASCAGNA, Cristina Gisele. Adolescência: Compreensão Histórica a Partir da escola de
Vigotski. 185p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, 2009.
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