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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Dissertação - Adolescencia: compreensão histórica a partir da escola de Vigotski

Segundo Mascagna (2009) a concepção tradicional considera a adolescência, como uma turbulenta e natural; assim como nessa mesma perspectiva a fase da adolescência é apresentada pela visão naturalista e biológica, ou seja, sendo apenas uma maturação hormonal. Por outro lado, a proposta do trabalho é a concepção histórico-cultural. O objetivo é investigar o adolescente, no seu desenvolvimento das funções psicológicas superiores. E relacionado com a formação dos conceitos e suas atividades dominantes.
A adolescência é vista como naturalizante (BOCK, 2004). Com base na Psicanálise, a adolescência foi vista como fase natural. Em outras palavras, a visão naturalista
predominante na atualidade, é de um período de conflito, instabilidade emocional. Na psicanálise a crise adolescente é o despertar da sexualidade no nível da maturidade genital (TOMIO, 2006). Em outras palavras, o adolescente estaria em conflito entre se criança e se tornar adulto.
Segundo Mascagna (2009) no senso comum, a adolescência é apresentada, como problemas, ou uma fase que é difícil de ser lidada. Características ou comportamentos mencionados, pelos autores citados, como atitude social reivindicatória, ou seja, a revolta contra alguém ou alguma coisa, assim como também a busca pela identidade
Numa retomada bibliográfica em livros, a autora concluiu, que Erikson (1976) em seu livro coloca a adolescência, como fase de crise de identidade e confusão de papéis. Aberastury e Knobel (1989) institucionalizaram a noção de síndrome normal da adolescência, ou seja, naturalizaram a fase, com os lutos infantis. Becker (1989) não supera a naturalização, mas universaliza a adolescência, com rituais de passagem, e aspectos culturais, esse autor faz critica as teorias que visam os aspectos biológicos. Calligaris (2000) também não consegue superar as mudanças hormonais, apenas expõe a noção de moratória que é imposta pela sociedade. Tiba (2005) discute a formação do caráter, desde o desenvolvimento biopsicossocial até saber lidar com os adolescentes, que são retratados, como “folgados”. Tania Zagury (2008) enfatiza a importância dos limites na educação dos filhos, sendo que não reforça o individualismo, mas destaca sobre a mediação dos pais e professores na formação na personalidade.
Numa retomada bibliográfica em artigos, a autora concluiu, que Justo (2005) que discute sobre o “ficar” na adolescência com olhar na subjetividade, sem referencia histórico/social. Almeida; Martins; Trindade (2003) expõem que as representações sociais da adolescência na zona rural e urbana, são construções sociais da adolescência. Miguel; Toneli (2007) apresentam um levantamento bibliográfico sobre mídia, sexualidade e adolescência. Lage; Monteiro (2007) enfoca sobre a adolescência e depressão na perspectiva da psicanálise. Oliveira (2006b) argumenta sobre identidade, narrativa e adolescência, em que faz críticas a Psicologia do Desenvolvimento, e cita autores, como Vigotski e Leontiev, com proposta de discussão sobre a linguagem (MASCAGNA, 2009).
Segundo Mascagna (2009) a adolescência é uma fase que não se faz pelo natural e biológico (isso é puberdade), mas pela vida material e social, ou seja, construída historicamente. A adolescência foi criada pelo homem, num contexto com as necessidades ao longo da história. Conforme Ozella (2008) os próprios adolescentes se apropriam da idéia socialmente construída do que é ser adolescente. O desenvolvimento psíquico está dialeticamente relacionado com formas de viver.
Segundo Bock (2004) com a revolução industrial, houve-se a necessidade retardar o ingresso dos jovens no mercado, o que transformado pelo aumento do tempo na escola. Já autora, acrescenta, que o afastamento do mercado de trabalho e o prolongamento na escola, vai constituindo o preparo vida adulta, entre outras palavras, esse “preparo” se chama adolescência. A adolescência refere-se com inicio voltado para sexualidade (reducionismo), sendo que as manifestações e alterações corporais dirigem a ação do adolescente. O modelo de comportamento do adolescente é veiculado pela mídia. A escola desempenha função de preparar pessoas para as necessidades do mercado econômico. Tratamos as características da adolescência, como se fosse inatas produzidas ao longo da história (ABERASTURY e KNOBEL; 1989).
Mascagna (2009) discute que na pós-modernidade as características inatas da adolescência são reforçadas. A pós-modernidade estaria relacionada, com a informática, comunicação, produção de símbolos e uma sociedade de consumo (SAVIANI, 1991). Segundo Nagel (2005b) os indivíduos que fazem parte dessa sociedade têm características dessa época, dentre elas: a) prazer imediato; b) descompromisso com o outro; c) falta de motivação para o trabalho; d) apatia sobre o futuro; e) banalização da morte; f) indisponibilidade para reflexão. Por isso é possível, perece que os comportamentos indicam uma individualidade, ou seja, sem coletividade. Com o fenômeno da internet, televisão, vídeo-game e celulares, a realidade individual torna-se cada vez maior, a medida que a mídia com suas imagens apelativas as emoções, gera no individuo o prolongamento da infância, falta de vínculos afetivos, relacionamentos superficiais, pluralismo e relativismo (GRENZ, 1997).
Outra característica sociedade pós-moderna, no que tange a privacidade, é destaco pela exposição pública da vida individual, como acontece nos Reality Shows, em que é espetáculo visual que paralisa emoções do telespectador que se identifica. Outra característica é o consumo exagerado, em que os indivíduos consomem produtos sem necessidades, e para isso a mídia conta força para seduzir seu público, com produtos atrativos para vida do sujeito (MASCAGNA, 2009).
Segundo Mascagna (2009) a escola expressa um período histórico-social, com interesses vinculados a sociedade capitalista. Como já ressaltado, os alunos e professores, assim como o projeto pedagógico de cada instituição de ensino corresponde às características da pós-modernidade. Nagel (2005b) acrescentar comportamentos, como liberdade sem princípios, individualismo, narcisismo, pânico, depressões, déficit de atenção, apatia, desmotivação, irritabilidade.
Os adolescentes estão desempenhando bem o seu papel, ou seja, expressam os comportamentos que são esperados da pós-modernidade. Em que os adolescentes são individualistas, negam o conhecimento, criatividade incompreendida (rebelde) e colocam o outro como referencia. É necessário superar a visão naturalizante da adolescência, e a medida que é necessário compreender o desenvolvimento do psiquismo humano, como produto histórico (MASCAGNA, 2009).
Vigotski desenvolve idéias sobre o homem, em que são explicadas em dois pólos (idealismo ou materialismo).Psicologia subjetivista (Psicanálise, enfoca o inconsciente como centro do fenômeno psíquico, e tem a sexualidade como seu principio) em que estuda a psique e deixa o comportamento, e do outro lado, a Psicologia Objetivista (Reflexiologia, em que estuda o comportamento humano e animal, baseado em reflexo condicionado), em que estuda o comportamento sem estudar o psiquismo. Para Vigotski deveria existir uma psicologia geral, que considerasse o desenvolvimento da psique como comportamento, e que tivesse característica central o desenvolvimento do psiquismo, pelas condições histórico-sociais (MASCAGNA, 2009)..
Psicanálise resultou de estudos sobre a neurose especificando os fenômenos psíquicos, que surgem do inconsciente como centro da sexualidade. A Teoria Comportamental teve seus estudos iniciados pela psicologia animal, com foco o reflexo condicionado. O Personalismo teve origem na Psicologia Diferencial, ou seja, a individualidade como foco, em que a personalidade e a individualidade eram respostas para todos os fenômenos. Vigotski propõe uma psicologia geral fundamentada no materialismo histórico. A concepção histórico-social pressupõe o homem como um ser em constante movimento e contradição, com base no materialismo dialético (MASCAGNA, 2009).
Os homens não nascem dotados das aquisições históricas da humanidade, mas desde o nascimento pelo processo educativo vão se apropriando da cultura. Segundo Engels (1982) o homem foi se humanizando quando as características biológicas deixaram de prevaleceram a transição da vida animal a vida em sociedade. Leontiev (1959) referente ao processe de humanização, acrescenta sobre a influencia do trabalho e do desenvolvimento da comunicação aparecem às primeiras modificações anatômicas no homem (MASCAGNA, 2009).
Segundo Engels (1982) é mediante o trabalho que o home se adapta a natureza e cria instrumentos necessários para sua transformação. Os conhecimentos científicos, que não adotam o método materialista-dialético, reforçam a visão biologicista de homem, a media que adotam os homens, como dotados de características e personalidade inata (MASCAGNA, 2009).
Vigotski (1998) o principal sistema de signos é a linguagem, porque é mediadora entre as relações históricas dos homens e cada homem em particular. O desenvolvimento das funções psicológicas humanas ocorre inicialmente na relação com os outros, e externamente depois consigo mesmo.
Leontiev (1959) a objetivação é a realização material pelo homem das suas faculdades físico e mental, ou seja, é produzindo e reproduzindo os objetos materiais e não-materiais. Já a apropriação é um processo ativo de incorporar as características fundamentais da atividade acumulada no objeto, e é um processo mediador entre o ser genérico e a formação singular de cada individuo (MASCAGNA, 2009).
Segundo Leontiev (1959) a alienação, tem dois sentidos, sendo um negativo é que o trabalho toma boa parte da vida do indivíduo, e o outro positivo porque o trabalhador tem o conhecimento que é necessário para realizar o trabalho. No sistema capitalista o trabalho se transforma em objeto externo, e estranho ao próprio homem que o produziu. O homem alienado não tem controle da realidade que o cerca a realidade passa a ter controle sobre o próprio homem. Na relação alienada, o homem, ao virar mercadoria, relaciona-se com os outros homens da mesma forma, ou seja, como meras mercadorias. O psiquismo humano é uma natureza (ontológica), um fenômeno material, que se desenvolve a partir das relações de trabalho (MASCAGNA, 2009).

Segundo Mascagna (2009), a adolescência deve ser considerada não somente como algo natural, é preciso compreender que o desenvolvimento do psiquismo está implicado também com as relações histórico-sociais que cada individuo está inserido, nos que diz respeito a adolescência, ela é uma fase de transição, para que possamos compreender como se da o desenvolvimento do psiquismo nessa fase é importante considerar as atividades dominantes realizadas pelos adolescentes na sociedade pós-moderna, e visar a adolescência não como uma fase natural e maturacional, mas como um período que é construído e alimentado historicamente, a qual se da de forma diferente em cada individuo.
 Para a Psicologia Histórico-Cultural, Vigotski (1995) discute que as funções psicológicas superiores são resultados do desenvolvimento histórico da humanidade, isso não quer dizer que se desconsidera o desenvolvimento orgânico e biológico, apenas não considera exclusivamente a estes fatores uma predominância para o desenvolvimento psíquico humano, pois o desenvolvimento das funções também está correlacionado com o desenvolvimento histórico, e isto quer dizer que a importância das funções vai se modificando ao longo do desenvolvimento individual e histórico e que a memória, assim como as outras funções durante a infância tem um determinado propósito, durante a adolescência ela irá modificar-se (MASCAGNA, 2009).
De acordo com Mascagna (2009), ao expor sobre Vigotski (1995) o desenvolvimento das funções psicológicas superiores tem inicio no meio externo pela apropriação cultural, o que promove o desenvolvimento do pensamento, isso junto ao uso de ferramentas e dos signos, com o desenvolvimento da linguagem e da escrita entre outras, essas funções são desenvolvidas desde a infância, que passam das simplesmente involuntárias para as voluntárias, sendo controladas e utilizadas de acordo com as necessidades tanto individuais quanto coletivas, e é pela medicação dos signos, o qual é social que se da o desenvolvimento interno do comportamento da criança, dessa maneira com o desenvolvimento histórico da humanidade, a vontade e o domínio da própria conduta surgem e se desenvolvem. O desenvolvimento das funções vai de acordo com o histórico da humanidade e o individual de cada sujeito, durante seu desenvolvimento o homem realiza várias atividades, onde uma será dominante, dominante é aquela que cerca a vida do individuo e o faz viver em torno dela, e consequentemente o desenvolvimento do psiquismo depende dessa atividade.
Segundo Vigotski (1995) na adolescência há uma mudança dessa atividade dominante, sendo esse um salto qualitativo no desenvolvimento da criança e do adolescente, o que corresponde a uma nova necessidade interior que está ligada as novas tarefas impostas pelo contexto social, nessa fase de transição as funções psicológicas se desenvolvem por meio da apropriação de conceitos científicos e da participação do processo cultural e histórico da humanidade, sendo assim elas não são apenas funções biológicas que se estabelecem naturalmente independente do meio, mas sim atreladas à vida pratica dos homens, a sua maneira de viver (MASCAGNA, 2009).
Luria (1979a) expõe que algumas funções psicológicas superiores são importantes ser consideradas para compreendermos melhor como se dá a adolescência, como a atenção voluntária, a qual desempenha a função de selecionar informações advindas do meio externo, é por meio dela que o homem distingue os estímulos mais relevantes, e a superior é um processo pelo qual a atividade psíquica se concentra para se manter voltada a um único objeto, ignorando os outros estímulos, sendo a atenção e os processos das funções psíquicas um “complexo de desenvolvimento histórico-social”, na adolescência começa a desenvolver-se também a atenção voluntária e automatizada que é fundamental para que a pessoa possa realizar certas ações e para que o homem possa controlar sua própria atividade. Na adolescência está presente também o desenvolvimento da memória lógica, a qual consiste em guardar, registrar experiências vivenciadas pelo sujeito, podendo este acumular informações e reproduzi-las por meio da memória, a qual está envolvida intrinsecamente com as emoções e as percepções, e é com a aquisição dos instrumentos e da linguagem, o homem pode desenvolver a memória superior, voluntária, importante ressaltar que a memória está presente desde a infância, porém o que muda com a chegada da adolescência são as relações interfuncionais que conectam a memória a outras funções, e seu desenvolvimento histórico se da a partir do momento em que homem deixa de utilizá-la como força natural e passa a dominá-la (MASCAGNA, 2009).
Vigotski e Luria (1996) junto a essas funções está o desenvolvimento da abstração, o qual é a parte integrante de todo tipo de processo de pensamento, uma técnica criada no processo de desenvolvimento da personalidade, condição e instrumento necessário de seu pensamento, esse processo só se desenvolve com o desenvolvimento cultural da criança, a linguagem aqui é elemento principal na capacidade de formular abstrações, por ser um produto do desenvolvimento histórico social humano, o que a torna instrumento para o desenvolvimento dessa função (MASCAGNA, 2009).
Conforme Luria (1981) o pensamento é visto pela psicologia moderna como sendo indivisível, uma ação mecânica de associações individuais, é somente por meio dele que homem consegue generalizar e utilizar as leis gerais da realidade, analisar e fazer sínteses mentais dos fenômenos que a realidade lhe apresenta, e quando a criança entra na adolescência seu pensamento, suas operações lógicas sofrem grandes mudanças (MASCAGNA, 2009).
Vigotski (2005) a formação de conceito é uma das funções mais destacadas na fase da adolescência, pois é onde ele se configura e se desenvolve, essa formação é resultado de uma atividade complexa em que todas as funções intelectuais básicas tomam parte, o novo e significativo uso da palavra e a sua utilização por meio de conceitos é a causa psicológica de transformação radical que passa o processo intelectual no limiar da adolescência, pois nela uma nova estrutura se da nas funções elementares, formando um novo todo, que contribui no uso de novas palavras e signos para a formação de conceitos, pois é por meio da abstração e do pensamento complexo que a criança pode formar os verdadeiros conceitos, esses são formados durante o processo histórico, mas o individuo assimila durante seu desenvolvimento individual (MASCAGNA, 2009).
Mascagna (2009) pontua que é na escola o lugar onde na relação do aluno com o professor que os conhecimentos científicos ganham força, na qual ocorre o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, os conceitos científicos são indispensáveis para o desenvolvimento das funções psicológicas, porém eles se desenvolvem a partir dos espontâneos, de forma que um não exclui o outro. No entanto, as funções psicológicas superiores são desenvolvidas ao longo do processo histórico-social da humanidade, por meio da aquisição dos conhecimentos científicos elaborados socialmente, esses conhecimentos introduzem o objeto em uma relação lógico-verbal, categorial, e a formação plena desses conceitos vai acontecer na adolescência, pois nessa fase ocorre uma forma psíquica qualitativamente nova, na qual os jovens assimilam pela primeira vez os verdadeiros conceitos.
Para a perspectiva histórico-cultural, é necessário entender profundamente as questões dos interesses na fase da adolescência, e a partir disso poder compreender o desenvolvimento psicológico dos adolescentes, pois o desenvolvimento psíquico se embasa na evolução da conduta e dos interesses da criança nas trocas que se produz na estrutura de orientação de seu comportamento, é preciso levar em consideração o desenvolvimento histórico e social dos interesses igualando-os ao processos biológicos, e junto ao mundo interno surge para o adolescente um mundo exterior completamente novo, sendo assim o desenvolvimento orgânico impulsiona o dos interesses do adolescente, nessa idade de transição ocorre uma fase negativa na vida dos mesmos, porém não somente isso, pois há uma salto qualitativo no desenvolvimento das funções psicológicas superiores, pelo fato de já conseguirem formar os verdadeiros conceitos, sendo essas formações qualitativamente novas das operações intelectuais, produtos do desenvolvimento histórico e tem também uma relação direta com o desenvolvimento biológico, mas não é esse quem determina o desenvolvimento das funções (MASCAGNA, 2009).
Na idade de transição os interesses mudam, o qual está totalmente relacionado com o desenvolvimento sócio-historico, e seus interesses não são provocados simplesmente por sua natureza biológica particular, mas histórico-social, eles variam em cada idade e modificam os próprios mecanismos de conduta, nesta fase a formação de conceitos é considerado um avanço importante no desenvolvimento intelectual do jovem, pois por meio dele o adolescente se depara com sua realidade subjetiva, ou seja, chega a autopercepção e a autoobservação, o conceito inclui não unicamente o geral, mas também o singular e particular, é resultado de um conhecimento duradouro e profundo do objeto, a partir disso o mundo do adolescente passa a ser  o da consciência social objetiva, e todo o conteúdo que esta na sua mente se reestrutura por causa da formulação de conceitos, esses novos conteúdos impulsionam a novas atividades e formas de pensar, porém os primeiros conceitos adquiridos não são descartados, mas relacionados com os outros, e assim o adolescente vai desenvolvendo seu pensamento abstrato, e ele age a partir dos seus próprios desejos e necessidades, compreender a si próprio e aos outros, é mediante todo o desenvolvimento psíquico , relacionado com seu desenvolvimento histórico-cultural e com a atividade humana que se pode compreender toda a complexidade do desenvolvimento humano (MASCAGNA, 2009).
A inteligência é algo que já está dado, porém sua formação se da pela mediação do homem com o meio social e com as outras pessoas, pela assimilação dos conhecimentos que o individuo se torna homem e desenvolve sua consciência, o individuo concreto é um produto sócio-histórico, o desenvolvimento de sua consciência ocorre através do trabalho, com a apropriação dos produtos físicos e abstratos que ocorre dialeticamente é que se desenvolvem as estruturas superiores do individuo, essas funções superiores surgem e se desenvolvem na adolescência em relação direta com o meio, sendo assim produto do desenvolvimento histórico como algo totalmente novo, estrutura psicológica independente, e as formas superiores das funções surgem por meio de uma longa história de desenvolvimento, o adolescente passa então do nível da vivência para o do entendimento (Mascagna, 2009).
O que se torna doloroso para o adolescente é o desaparecimento dos velhos interesses, pois surgem os novos, e se instala um tipo de crise, cujo estado emocional é um vazio, um negativismo, mas estas crises não vêm de questões biológicas e não são necessariamente negativas, porque dão um novo impulso ao desenvolvimento psíquico do individuo, e essa crise é evolutiva, ocorrendo juntamente com as novas necessidades, motivos e com as qualidades psicológicas novas que surge, o psiquismo humano se desenvolve conforme as condições históricas e os meios de produzir vida, é nessa fase como já citado que ocorre um salto qualitativo no desenvolvimento psicológico do adolescente, importante saber que em cada idade existe uma atividade dominante que guia a vida, e na adolescência isso não se reduz apenas ao estudo, pois também ocorre a comunicação interpessoal entre os adolescentes, a escola, amigos e grupos passam a ser atividades principais, e sua vida é transformada em imaginação, pois ele ainda não adentrou na atividade social, e com isso ele vive então uma espécie de sonhos, pensando no futuro, e ai que podem se instalar conflitos, porque há o desejo, porém não podem realizar naquele momento, e seus pensamentos se reestruturam e eles começam a conceituar tudo a sua volta (MASCAGNA, 2009).
Segundo Mascagna (2009), a característica principal da adolescência é o desenvolvimento máximo das funções psicológicas superiores e a formação de verdadeiros conceitos vai além de um período natural, pois é um produto histórico-social fundamental no desenvolvimento psíquico, é importante considerar que depende necessariamente da época em que cada adolescente vive, pois assim suas atividades principais serão diferentes, pois um adolescente que vive em uma cidade do interior e o que vive no centro urbano vai apresentar comportamentos diferentes e interesses diferentes, portanto sua atividade principal será diferente, então é importante ao analisarmos seu desenvolvimento sempre considerar o contexto histórico no qual o indivíduo está inserido, pois esse influencia de forma direta no seu desenvolvimento, e também de acordo com a época em que se vivem as concepções podem ser diversas

Por fim, Mascagna (2009) discute sobre a parte prática de sua dissertação, em que o objetivo geral de analisar a influencia do processo de escolarização na constituição da subjetividade dos alunos, enfatizando o desenvolvimento das suas funções psicológicas superiores. O método utilizado foi de Entrevista semi-estruturada, em que foi feito em duas etapas, na primeira foi feita uma identificação, e na segunda questão sobre adolescência, escola e atividade dominante. A análise foi baseada no Materialismo Histórico e nos fundamentos da Teoria Histórico-Cultural. Os participantes: 14 adolescentes (8ª série de 13 a 15 anos), e o local em Escola Estadual de Maringá. Na análise, concluiu-se que a importância da escola para os adolescentes, é aprender, mas também para ter um futuro melhor. Já sobre a importância das disciplinas, constatou-se que primeiro é para ajudar compreender melhor as coisas, e depois para auxiliar na comunicação. Sobre o emprego do tempo livre, conclui que é para sair com os amigos, e depois usar computador/internet. Já sobre as atividades importantes, demonstrou em primeiro, realizar tarefas escolares, e depois televisão. Mas na preferência de atividade em realizar no tempo livre, demonstrou- se sair com amigos, e depois computador/internet. Sobre a concepção de adolescente, é destacado como ter comportamento diferente, e ser rebelde. E para encerra é apontado sobre o que falta, para ser adulto, e conclui-se que é ter responsabilidade ou maturidade e trabalhar.

REFERENCIA

MASCAGNA, Cristina Gisele. Adolescência: Compreensão Histórica a Partir da escola de Vigotski. 185p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2009.


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