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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Epistemologia Qualitativa

Segundo González Rey (2005 apud 1997) a Epistemologia Qualitativa é uma pesquisa qualitativa, com perspectiva epistemologia e psicológica. O modelo quantitativo, empírico e descritivo caracterizado pelo positivismo, e foi cobrado nas ciências sociais. O principal problema da quantificação se encontra naquilo que é quantificado dentro de um sistema teórico, à medida que os aspectos quantitativos vão adquirir significado.  Por isso nessa perspectiva o instrumento é utilizado, como forma de classificação e critério de afirma dos processos da pesquisa.

Consequentemente uma discussão epistemológica, permite uma posição reflexiva que leve a fundamentar e interrogar os princípios metodológicos, assim como compreender as contradições da pesquisa cientifica. Portanto ao discutir metodologia qualitativa é necessário acrescentar na discussão, o debate teórico-epistemológico, sem separar os instrumentos da conversa. Por isso sem uma revisão epistemológica, pode gera uma posição instrumentalista ao legitimar o qualitativo (GONZÁLEZ REY, 2005).
Segundo González Rey (2005, p.5) define a Epistemologia Qualitativa como o “caráter construtivo interpretativo do conhecimento, o que de fato implica compreender conhecimento como produção e não como apropriação linear de uma realidade que se nos apresenta”.  O autor acrescenta que a Epistemologia Qualitativa tem o objetivo de acompanhar as necessidades da pesquisa qualitativa, voltada para a Psicologia, à medida que propõe referencia epistemológicas alternativas, frente aos critérios dominantes do positivismo. A proposta da Epistemologia Qualitativa é de desenvolver uma reflexão aberta, a medida que busca responder de maneira diferente as novas perguntas e desafios que surgiram no processo histórico, que outras representações epistemológicas anteriores não conseguiram.
Segundo González Rey (2005) ao enfatizar o caráter construtivo-interpretativo da pesquisa é compreender a proposta metodológica e caráter teórico, por isso é plausível discutir que pretendido pelo autor romper com as dicotomias entre empírico e teórico. O caráter construtivo-interpretativo do conhecimento, é que o conhecimento é uma construção, ou seja, uma produção humana, ordenada em categorias universais do conhecimento. Por conseguinte o conceito “zona de sentido” é o espaço de inteligibilidade que se produz as pesquisas cientificas. Por isso o conhecimento legitima-se na capacidade de gerar novas zonas de inteligibilidade.  Portanto o conhecimento é um processo de construção que se encontra na capacidade de produzir, no pensamento do pesquisador. 
Em seguida o autor discute que a Epistemologia Qualitativa considera a legitimação do singular como instancia de produção de conhecimento cientifico.   À medida que o valor do singular está relacionado com a compreensão do teórico, por isso o caso singular torna-se legitimo, quando este representa as conclusões exposta teoricamente. Nem toda pesquisa qualitativa tem fim teórico, mas pode ser prático, o que é necessário ter no horizonte, que a pesquisa teórica apresenta diferentes níveis, que consequentemente são diferentes da pesquisa empírica. Por isso a legitimação do singular acontece, porque é fonte de conhecimento, ao ponto que a produção teórica, demonstra essa construção dos modelos inteligibilidade (GONZÁLEZ REY, 2005).
Por conseguinte, ao compreender está temática González Rey (2005) discute que a pesquisa representa um processo permanente de implicação intelectual por parte do pesquisador, em que a sociedade é um sistema complexo, e qualquer processo que acontecer gera infinitos sistemas e elementos, sendo que esses elementos permitem articular o modelo de significação do social na vida humana. A singularidade possui um valor relevante, nas ciências antropossociais, em que possui uma das características da subjetividade humana, configurada pela cultural.
O autor acrescenta que outro atributo da Epistemologia Qualitativa é o “ato de compreender a pesquisa, nas ciências antropossociais, como um processo de comunicação, um processo dialógico”. A ênfase na comunicação está centrada no fato de que os problemas sociais e humanos se expressa, na comunicação das pessoas seja direta ou indiretamente. A comunicação é o espaço privilegiado que inspira a expressão simbólica do sujeito, ou seja, que será a via para o estudo da subjetividade. Por isso a comunicação será a via em que os participantes de uma pesquisa se converterão em sujeitos, com seus interesses, desejos e contradições A pesquisa qualitativa orientada a estudar a produção de sentido subjetivo do sujeito, com articulação com os diferentes processos e experiências (GONZÁLEZ REY, 2005).
Segundo González Rey (2005) a subjetividade é inseparável da cultura, por isso é um sistema complexo que expressa sentidos subjetivos a diversidade de aspectos objetivos da vida social. Por isso, é por meio dos sentidos, que se encontra espaço para compreender a subjetividade. O sentido é uma formação dinâmica com inúmeras zonas instáveis, já por outro lado, o significado é zonas de sentido que são estáveis. O sentido subjetivo delimita em espaços simbolicamente produzidos pela cultura.  Portanto o sentido caracteriza o processo da atividade humana em seus diversos campos de ação. González Rey (2005, p.32) discute que o sentido “não é algo que aparece diretamente nas respostas das pessoas, nem nas representações [...], apenas aparece disperso na produção total da pessoa”. A subjetividade social apresenta nas representações sociais, e que atravessa os discursos e produções de sentidos que configuram sua organização subjetiva. A subjetividade se expressa em configurações estáveis de produção de sentidos subjetivos.
Ao discutir sobre a pesquisa qualitativa, o autor acrescenta que a teoria é uma construção de um sistema de representações capaz de articular diferentes categorias e gerar inteligibilidade, sendo que não são sistemas estáticos aos quais assemelha todo o novo conteúdo. Na Epistemologia Qualitativa, a teoria, é definida como “sistema aberto [...] com representações teóricas mais gerais assumidas pelo pesquisador” (GONZÁLEZ REY, 2005, p. 30). Para o autor, o empírico representa o momento que a teoria se confronta com a realidade, sendo representado pela informação que resulta dessa confrontação, por isso o empírico é inseparável do teórico. Uma teoria tem um núcleo fundamental que se estende em espaços distintos de significação, os quais modificam em relação ao empírico. Para o autor, a teoria existe em dois níveis inter-relacionados, entre si, no nível macro que organiza representações de estabilidade e não dilui no empírico, e o outro nível é o local, que é comprometido de forma mais imediata com empírico, pois gera representações e conceitos (GONZÁLEZ REY, 2005).
Segundo González Rey (2005) o lugar da teoria é inseparável dos princípios gerais da Epistemologia Qualitativa, em que implica a renuncia do empírico como lugar de legitimação e produção de conhecimento. O autor acrescenta que a produção de conhecimento é um processo teórico, comprometido com a realidade, em que desafia constantemente pelo empírico.
A instrumentalização é considerar o instrumento como a única via legitima para produzir informação na pesquisa. O instrumentalismo surgiu como uma necessidade derivada da busca pela objetividade, valendo da neutralidade como principio do uso de instrumentos. A base epistemológica do uso de instrumentos vem do positivismo, que institucionaliza o cientifico por meio da utilização de instrumentos. Sobre esse ponto, González Rey (2005, p.38) discute que:

 O valor da informação está definido pelo caráter dos instrumentos que a produzem exclui o momento de aplicação das idéias e reflexões do pesquisador; considerando só a informação procedente dos instrumentos como legítima, com a qual a coleta de informação se converte em ritual instrumental que exclui toda informação proveniente da reflexão do pesquisador.

Os instrumentos mais utilizados pelas diferentes ciências antropossociais, se encontra o questionário, que instrumento associado ao estudo de representações do sujeito. O questionário impõe o universo simbólico, que o move o sujeito que responde. A Epistemologia Qualitativa considera os instrumentos como toda situação ou recurso que permite ao outro expressar-se no contexto de relação que caracteriza a pesquisa. Portanto, segundo o autor, o instrumento representa o meio pelo qual vai provocar a expressão do outro sujeito, mas também é uma fonte de informação, separada em categorias. Por isso os instrumentos se baseiam nas expressões simbólicas diferenciadas das pessoas, e representa os meios que envolvem as pessoas emocionalmente (GONZÁLEZ REY, 2005).
Segundo González Rey (2005) os sistemas conversacionais permitem deslocar-se do lugar central das perguntas para integrar-se numa dinâmica de conversação. A conversação vai tomando formas distintas, em que a informação se define pelas argumentações extraverbais, em outras palavras são de estimular ou provocar a conversa sobre temas gerais, que impliquem na pesquisa. A conversação é um processo ativo, que se trava entre o pesquisador e sujeito, em que acontece o processo de comunicação, que envolve reflexões e emoções. A conversação é sistema em que os participantes se orientam em seu próprio curso, à medida que os aspetos subjetivos aparecem. É importante ressaltar que as conversações podem ser grupais ou individuais.
Os instrumentos escritos representam a possibilidade de posicionar o sujeito de forma rápida e simples, por meio de indutores, por isso o objetivo dos instrumentos escritos é facilitar as expressões do sujeito. O questionário é uma técnica escrita, que pode ser do tipo fechado, que é utilizado para obter informação objetiva e descritiva. O questionário mais usado é do tipo aberto, que seria igual a uma entrevista, à medida que permite expressão do sujeito. Neste caso as perguntas são abertas e orientadas a facilitar a expressão ampla das pessoas. É pertinente destacar que as perguntas formam um sistema, e combina a busca de informação. Outro instrumento escrito é o complemento de frase, que são indutores curtos, que são preenchidos pela pessoa que responde. O complemento de frases evidencia informações diretas, como a intencionalidade do sujeito. O complemento de frases não tem regras rígidas a serem cumpridas na elaboração (GONZÁLEZ REY, 2005).
Segundo González Rey (2005) as redações são instrumentos abertos, que permitem a produção de trechos de informação pelos sujeitos, com independência de perguntas diretas apresentadas pelo pesquisador. As redações representam excelentes vias de produção de trechos de informação em sujeitos motivados e envolvidos com o tema proposto. Outro instrumento é o conflito de diálogos, permite acessar os valores e motivos morais. Outra forma de utilização dos instrumentos é apoiada em indutores não escritos, como pranchas, fotos, desenhos, fantoches, filmes, entre outros. O objetivo desse tipo de instrumento é semelhante ao de qualquer outro, ou seja, facilitar a expressão de trechos de informação por meio de indutores.

REFERENCIAS

GONZÁLEZ REY, F. O compromisso Ontológico na Pesquisa Qualitativa. In: ______. (Org.). Pesquisa Qualitativa e Subjetividade: os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. p.1-28.


GONZÁLEZ REY, F. A pesquisa qualitativa como produção teórica: uma aproximação diferente. In: ______. (Org.). Pesquisa Qualitativa e Subjetividade: os processos de construção da informação. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. p. 28 – 78.

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